Parlamento discutiu quarta-feira (21 de Janeiro) o diploma sobre adoção homoparental, que
vai a votos esta tarde. Maioria PSD/CDS está apostada em reprová-lo pela
quarta vez.
Bloco de Esquerda diz sim, Verdes dizem sim, PCP diz sim, PS dá
liberdade de voto mas pende para o sim, PSD dá liberdade de voto mas
pende para o não, CDS diz não. Esta quinta-feiora à tarde, pela quarta
vez, a adoção plena de crianças por casais do mesmo sexo vai ser votada
na Assembleia da República (AR), e as contas prévias das intenções de
voto não permitem tirar conclusões.
Um novo chumbo era quase certo, mas o PCP trocou as voltas às projeções,
ao anunciar esta quarta-feira, durante a discussão dos diplomas, que a
sua bancada vai votar favoravelmente, quando nas anteriores votações
tinha optado pela abstenção. A aprovação está mais perto, tanto mais que
é previsível que se juntem aos votos a favor alguns potenciais
dissidentes social-democratas, conhecidos por apoiar publicamente a
medida (cerca de uma dúzia).
A discussão do projeto de lei, apresentado em conjunto pelo PS, BE e
Verdes ocorreu esta quarta-feira. O hemiciclo dividiu-se, tal como se
divide a opinião pública em relação ao tema de adoção homoparental. Não é
à toa que lhe chamam fraturante.
Atualmente, a lei portuguesa define a adoção de crianças como um direito
exclusivo de pais e mães solteiros, e de casais heterossexuais. O
diploma, intem discutido, prevê que casais do mesmo sexo, casados ou
unidos de facto, tenham essa mesma possibilidade. Ou, como dizem
bloquistas, socialistas e verdes, "que todas as disposições legais
relativas ao casamento" sejam interpretadas "independentemente do sexo
dos cônjuges".
Quatro chumbos
Desde 2010, é a quarta vez que este tema é votado na AR, mas a
primeira em que o PS se junta aos Verdes e ao Bloco de Esquerda na
apresentação de um projeto que defende a adoção por casais homossexuais.
Há cinco anos, o Parlamento aprovou o casamento entre pessoas do mesmo
sexo, mas com a proibição expressa da adoção, prevista nas propostas
(recusadas) do BE e dos Verdes. Dois anos depois, o Bloco apresenta novo
projeto e recebe novo chumbo, mas o escrutínio revelou surpresas:
metade dos deputados socialistas votaram favoravelmente assim como nove
deputados social-democratas - entre os quais quatro vice-presidentes da
bancada - e até o CDS contribuiu com um sim.
Em 2013, BE e Verdes insistem no tema da adoção plena e levam-no
novamente ao hemiciclo, que novamente o chumba, com 104 votos contra, 77
a favor (12 do PSD) e quatro abstenções. Mais um ano e os dois partidos
tentam novamente, mas conquistam mais uma derrota. O PS, por seu lado,
alcança a sua primeira vitória na matéria a 17 de maio de 2013. Mas foi
efémera. Consegue que o seu projeto de coadoção do filho do cônjuge (e
não a adoção plena) seja aprovado na generalidade, mas será
posteriormente chumbado na votação final, a 14 de março de 2014. O PSD
propôs que o tema fosse referendado, mas o Tribunal Constitucional
chumbou a consulta pública.
Na quarta-feira, no plenário da AR, os deputados debateram também outro
projeto de lei do Bloco de Esquerda que altera o Código de Registo Civil
para assegurar "a igualdade de tratamento no registo da adoção,
apadrinhamento civil e procriação medicamente assistida, quando os
adotantes, padrinhos ou um dos progenitores estejam casados, ou unidos
de facto, com pessoas do mesmo sexo".
Sem comentários:
Enviar um comentário