Em vídeo, líder da milícia Boko Haram diz ser contra educação ocidental
para jovens e ameaça vendê-las como escravas. Governo reconhece não ter
pistas sobre paradeiro das reféns e pede ajuda internacional.
O líder da milícia radical islâmica Boko Haram, Abubakar Shekau, assumiu
nesta segunda-feira (05/05) a responsabilidade pelo sequestro das 276
meninas retiradas à força de uma escola em Chibok, no estado nigeriano
de Borno, há três semanas.
Em um vídeo de 57 minutos obtido pela agência de notícias AFP, Shekau
diz que as jovens estão em seu poder e ameaça vendê-las como escravas.
“Eu sequestrei suas meninas”, diz o líder do grupo. “Vou vendê-las no
mercado por Alá.”
No dia 14 de abril, um grupo armado invadiu a Escola Secundária para
Meninas do governo de Chibok e obrigou 276 alunas a entrarem em
caminhões, que seguiram para uma área remota perto da fronteira com
Camarões.
Desde então, pelo menos 53 meninas conseguiram escapar do cativeiro, mas
223 ainda permanecem sob poder dos sequestradores. No vídeo, Shekau diz
ser contra a ideia de jovens serem educadas em um modelo ocidental.
“A educação ocidental deveria acabar. Meninas, vocês têm de se casar”,
afirmou. “Eu casaria com uma mulher de 12 anos. Eu casaria com uma
menina de 9 anos.”
O Boko Haram trabalha em uma campanha insurgente contra o governo
nigeriano há cerca de meia década. Apenas neste ano, mais de 1.500
pessoas foram mortas em ataques perpetrados pelo grupo.
Pressão política
A situação tensa se desenvolve em um momento complicado para o governo
da Nigéria, que, durante esta semana, sediará o Fórum Econômico Mundial.
O governo do presidente nigeriano, Goodluck Jonathan, está sob intensa
pressão para resolver o caso. Jonathan afirmou na noite de domingo estar
fazendo o possível para localizar as meninas, mas reconheceu não ter
ideia sobre o paradeiro delas.
O presidente criou um comitê especial para tentar traçar com a
comunidade local uma estratégia para libertar as estudantes. Ele disse
também ter pedido ajuda internacional para lidar com o caso. O
secretário de Estado dos EUA, John Kerry, afirmou que o governo
americano está fazendo tudo o que pode para ajudar a Nigéria.
RM/afp/ap/rtr
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