Romance: Tentação da Serpente


Um olhar feminino sobre o Antigo Testamento.
Uma história de mulheres, para mulheres, de que os homens também gostam.

"Tentação da Serpente" é uma reedição de "O Romance da Bíblia", publicado em 2010.

12 maio 2014

Dorothy Hodgkin lembrada com google doodle em dia de aniversário

Química bitânica Dorothy Hodgkin, distinguida com o Nobel de Química em 1964, é lembrada hoje com um google doodle, no dia em que se assinala o aniversário. Hodgkin determinou a estrutura da vitamina B12 e ao longo de três décadas estudou a estrutura da insulina e das biomoléculas.
A Google homenageia neste dia 12 de maio o aniversário de Dorothy Hodgkin, lembrada com um doodle que remete para as estruturas tridimensionais das moléculas, que transportou esta britânica para a lista de grandes nomes da Química.
dorothy hodgkin
Dorothy Mary Crowfoot Hodgkin nasceu no Cairo, Egito, a 12 de maio de 1910. Foi uma química de nacionalidade britânica, apesar das suas origens egípcias, filha de um arqueólogo, diretor da Escola Britânica de Arqueologia de Jerusalém. A sua mãe acompanhava o marido nos trabalhos de arqueologia e dedicava-se também à botânica.

Mas Dorothy Hodgkin nunca se sentiu atraída por aquela arte. Desde a adolescência sentiu um apelo pela química. Nesta altura, tem aulas privadas, tendo em vista a aprovação no exame de admissão da Universidade de Oxford, na área de Química e na unidade feminina daquela instituição. E Dorothy Hodgkin consegue entrar em Oxford, em 1928, contava então 18 anos de idade.

Depois de concluir o curso, Dorothy prossegue os estudos na Universidade de Cambridge, onde conclui o doutoramento, em 1937, ano em que se casa com o historiador Thomas Lionel Hodgkin. É nesta altura que a química britânica se começa a notabilizar. O grande reconhecimento mundial ocorre em 1964, quando foi distinguida com o Prémio Nobel da Química, que reconhece a valia do seu estudo sobre a estrutura das proteínas. Dorothy Hodgkin conseguiu determinar a estrutura da vitamina B12. Aprofundou os estudos na área das biomoléculas e determina a sua estrutura tridimensional, através da cristalografia de raios X.

Do encontro com inúmeros investigadores, nasce, em 1947, a União Internacional de Cristalografia, que tem Dorothy Hodgkin como principal impulsionadora. Ao longo de 35 anos, Dorothy Hodgkin fez investigações sobre a estrutura da penicilina e também da insulina - esta última considerada extremamente complexa, à época. É aliás este seu estudo que inspira o google doodle desta segunda-feira, dia em que, se fosse viva, completaria 104 anos.

A partir de 1969, esta química britânica percorre o mundo a participar em palestras onde aborda a importância da insulina na diabetes. Mesmo com a saúde debilitada, devido a uma artrite reumatoide, Hodgkin prosseguiu o seu trabalho, ao longo de anos. Viria a morrer em Ilmington, a 29 de julho de 1994, vítima de um AVC.

07 maio 2014

Nigéria: mais oito meninas raptadas

 Levadas de aldeia próxima da sede da milícia islamista Boko Haram.
Mais de 200 estudantes raptadas na Nigéria (REUTERS) 
Mais oito crianças com idades entre 12 e 15 anos foram raptadas na noite de segunda-feira de uma aldeia no norte da Nigéria. Aconteceu junto da base da milícia islamista Boko Haram, que ontem assumiu o rapto de outras 200 crianças, numa declaração do seu líder que chocou o mundo, ao dizer que as meninas iriam ser escravizadas.

O relato do novo rapto na noite de segunda-feira foi feito por residentes. «Eram muitos, todos armados. Chegaram em dois carros pintados com cores militares e começaram a disparar», contou um homem citado pelo «Guardian», enquanto um polícia terá relatado que as meninas foram levadas em carrinhas.

 Para ver o vídeo (fundamental) aqui:  http://www.tvi24.iol.pt/503/internacional/nigeria-mais-oito-estudantes-raptadas-aldeia-rebeldes-islamistas/1554061-4073.html

06 maio 2014

Radicais islâmicos reivindicam sequestro de mais de 200 meninas na Nigéria

Em vídeo, líder da milícia Boko Haram diz ser contra educação ocidental para jovens e ameaça vendê-las como escravas. Governo reconhece não ter pistas sobre paradeiro das reféns e pede ajuda internacional.
 
O líder da milícia radical islâmica Boko Haram, Abubakar Shekau, assumiu nesta segunda-feira (05/05) a responsabilidade pelo sequestro das 276 meninas retiradas à força de uma escola em Chibok, no estado nigeriano de Borno, há três semanas.

Em um vídeo de 57 minutos obtido pela agência de notícias AFP, Shekau diz que as jovens estão em seu poder e ameaça vendê-las como escravas. “Eu sequestrei suas meninas”, diz o líder do grupo. “Vou vendê-las no mercado por Alá.”

No dia 14 de abril, um grupo armado invadiu a Escola Secundária para Meninas do governo de Chibok e obrigou 276 alunas a entrarem em caminhões, que seguiram para uma área remota perto da fronteira com Camarões.

Desde então, pelo menos 53 meninas conseguiram escapar do cativeiro, mas 223 ainda permanecem sob poder dos sequestradores. No vídeo, Shekau diz ser contra a ideia de jovens serem educadas em um modelo ocidental.

“A educação ocidental deveria acabar. Meninas, vocês têm de se casar”, afirmou. “Eu casaria com uma mulher de 12 anos. Eu casaria com uma menina de 9 anos.”
O Boko Haram trabalha em uma campanha insurgente contra o governo nigeriano há cerca de meia década. Apenas neste ano, mais de 1.500 pessoas foram mortas em ataques perpetrados pelo grupo.

Pressão política

A situação tensa se desenvolve em um momento complicado para o governo da Nigéria, que, durante esta semana, sediará o Fórum Econômico Mundial.

O governo do presidente nigeriano, Goodluck Jonathan, está sob intensa pressão para resolver o caso. Jonathan afirmou na noite de domingo estar fazendo o possível para localizar as meninas, mas reconheceu não ter ideia sobre o paradeiro delas.

O presidente criou um comitê especial para tentar traçar com a comunidade local uma estratégia para libertar as estudantes. Ele disse também ter pedido ajuda internacional para lidar com o caso. O secretário de Estado dos EUA, John Kerry, afirmou que o governo americano está fazendo tudo o que pode para ajudar a Nigéria.

RM/afp/ap/rtr

Ninguém tenta salvar 220 meninas raptadas?

por LEONÍDIO PAULO FERREIRA 
Foram levadas da escola há três semanas. Em desespero, alguns pais, armados com arco e flechas, entraram pela floresta em busca dos raptores. Das que conseguiram fugir, ouvem-se relatos de venda como escravas sexuais e de trabalhos forçados. Serão 220 as adolescentes ainda desaparecidas desde que uma milícia islamita atacou a sua escola no Norte da Nigéria.

Esta é uma daquelas tragédias que ameaçam passar despercebidas. Mas mesmo que a Nigéria seja longe e o seu norte empobrecido um lugar remoto, ninguém pode ficar indiferente ao sequestro de duas centenas de meninas. Até porque os suspeitos têm nome e um historial de raptos, assassínios e bombas.

O Boko Haram, que numa tradução livre da língua haúça significa "a educação ocidental é pecado", é um grupo islamita ativo desde 2002 e que só nos primeiros meses deste ano terá matado 1500 pessoas. Mostra uma visão obscurantista do islão e um extremismo que faz os talibãs darem ar de moderados. Parece não temer ninguém, apesar de o fundador ter sido morto pelo exército.

Há quem acuse o Presidente Goodluck Jonathan de impotência. Oriundo do Sul cristão, a sua prioridade, como a dos antecessores, é manter os equilíbrios na ex-colónia britânica, independente desde 1960. Mas se a Guerra do Biafra de triste fama foi um conflito étnico, o que se está a passar no Norte da Nigéria ameaça a coexistência entre muçulmanos e cristãos na mais populosa nação africana. Tolerá-lo expõe as fraquezas de um país que até acaba de celebrar a ascensão a primeira economia do continente e que esta semana vai acolher em Abuja, a capital, um fórum económico mundial.

A boa-nova é que a sociedade nigeriana mostra uma admirável vitalidade. Multiplicam-se os protestos junto ao Parlamento a exigir ações para libertar as meninas raptadas a 14 de abril na escola de Chibok. E vários sites exibem um contador dos dias, horas, minutos e segundos passados após o ataque do Boko Haram. Uma forma de pressionar as autoridades a fazer mais do que lamentar-se de que devem ter sido levadas para os Camarões.

24 abril 2014

UM HOMEM DAS ARÁBIAS - romance de leitura integral


Ontem, 23 de Abril de 2014, para comemorar o DIA MUNDIAL DO LIVRO E DOS DIREITOS DE AUTOR (estes últimos andam pelas ruas da amargura e muito chorados pelas editoras!),  disponibilizei para os meus leitores o texto integral (gratuito, claro!) de um dos meus primeiros romances históricos de viagens e aventuras, UM HOMEM DAS ARÁBIAS - PÊRO DA COVILHÃ, sobre as missões deste espantoso espião de D. João II em Marrocos e Arábia (aqui o início da sua extraordinária odisseia em busca do Reino do Preste João e da Rota das Especiarias.

Como não sabia onde poderia armazenar o livro, criei um blogue com o mesmo nome, cujos posts correspondem à sucessão por ordem crescente dos capítulos.

Para ler aqui:
de
Deana Barroqueiro

18 fevereiro 2014

Uma grande violência fisica e psiquica por detrás da fotografia vencedora do World Press Photo

Escrito por  
Uma grande violência fisica e psiquica por detrás da fotografia vencedora do World Press Photo
A fotógrafa norte-americana Sara Naomi Lewkowicz foi a vencedora do World Press Photo na categoria de Histórias Contemporâneas. Mas o enredo por detrás da fotografia vai para além do que mostram as imagens, que retratam uma situação de violência doméstica entre um casal. Veja a geleria de fotos escolhida pelo autor do texto, João Miguel Taveres.
Sara Naomi Lewcowicz começou por querer realizar um trabalho sobre a integração na sociedade de condenados após saírem da prisão. Shane, o homem que está nestas imagens, tem 31 anos, e passou metade da sua vida preso. Maggie tem 19. Os seus dois filhos - Memphis, de dois anos, e Kayden, de quatro - não são filhos de Shane, mas de uma relação anterior de Maggie, que terminara meses antes.
Maggie e Shane conheceram-se através da irmã dele antes da sua última detenção. Tornaram-se amigos próximos enquanto ele esteve preso e começaram a namorar quando saiu. Essas são as primeiras imagens que Sara Naomi Lewcowicz tem para nos mostrar. Imagens - grandes imagens, diga-se - de paz e amor (ver galeria de imagens).
Shane estava tão apaixonado por Maggie que pouco depois de terem começado a sua relação fez uma gigantesca tatuagem com o seu nome no pescoço (ver galeria de imagens).
Infelizmente, o seu cadastro criminal e até as suas tatuagens faciais eram um obstáculo na hora de tentar arranjar emprego. Ao mesmo tempo, à medida que a ligação entre ambos se prolongava, ele queixava-se de ela se preocupar mais com os seus filhos do que com a sua relação: "Porque é que eu não posso ser, por uma vez, o mais importante?", perguntava Shane.
Certa noite, saíram juntos sem os filhos. Foram a um bar de karoke local, em Lancaster, Ohio. Sara Naomi Lewcowicz foi com eles.
A noite acabou mal. Maggie foi-se embora após ter acusado Shane de estar a tentar seduzir outra mulher. Um amigo do casal, em cuja casa ambos estavam a viver durante aquela semana, conduziu-a de volta a casa. Quando Shane regressou, estava completamente fora de si, acusando Maggie de o "ter abandonado".
Foi na sequência dessa discussão que Sara Naomi Lewcowicz tirou as fotos que lhe valeram o World Press Photo.
Kayden encontrava-se a dormir durante a agressão, mas a pequena Memphis correu para junto da mãe e recusou-se a sair do seu lado. "Por favor, Shane, deixa-ma tirá-la daqui", pediu Maggie. "Ela não devia estar a ver isto".
Sara Naomi Lewcowicz publicou o seu trabalho pela primeira vez aqui, no final de 2012, e as críticas não se fizeram esperar. Como é que ela podia ter assistido àquilo sem reagir?, porque é que não largou a máquina fotográfica e os foi tentar afastar?, ou pelo menos tirar a criança dali?
Há sobre isso um magnífico texto na Salon, onde se explica que Sara Naomi Lewcowicz foi mais corajosa do que se poderia pensar à primeira vista e coube-lhe a ela telefonar para o núemro nacional de emergência. Além disso, estavam presentes mais dois adultos, amigos do casal, que retiraram rapidamente a criança dali. Mais perturbador ainda: o texto levanta a hipótese de aquela ser, na cabeça de Shane, uma violência tolerável para se ter diante de amigos e de uma fotógrafa estranha. Na verdade, ele queria ir a sós com Maggie para a cave da casa. Mas ela recusou.
Pouco depois, apareceu a polícia.
Maggie chorou e disse que não queria causar problemas a Shane. A polícia respondeu: "Ele não vai parar. Eles nunca param. Habitualmente, só param quando te matam".
De seguida apresentou queixa contra Shane, que agora enfrenta uma pena que pode ir de cinco a 17 anos de prisão, por violência doméstica e violação da sua liberdade condicional.

Veja o texto na integra aqui.

10 fevereiro 2014

Amamentação pública em Macau

A deputada Wong Kit Cheng quer que o Governo preencha o que considera uma lacuna da Lei Laboral: a falta de locais para as mães amamentarem os filhos. Em interpelação escrita, Wong pede que o Executivo “assegure que as trabalhadoras são protegidas” da mesma forma que são as funcionárias públicas, tal como acontece na China Continental, em Taiwan e em Hong Kong.
“A Comissão Nacional de Saúde e Planeamento Familiar da República Popular da China espera que a percentagem de mulheres a amamentar aumente de 30 para 50 por cento até 2020 [...] mas no território a amamentação a crianças com menos de quatro meses era, em 2011, de cerca de 22 por cento, de acordo com os Serviços de Saúde”, sublinha.
Para a deputada, “a existência de um espaço público para amamentar é um sinal de civilização e a concretização do princípio de protecção dos direitos das mulheres e das crianças”. A vice-presidente da direcção da Associação Geral das Mulheres sugere ao Governo que considere a possibilidade de criar salas para a amamentação, já que há “muito poucos espaços” para o efeito nas zonas públicas da cidade. I.L.
Ponto Final, Fevereiro 10, 2014

02 fevereiro 2014

Yoani quer jornal digital e semear uma imprensa livre

por Lusa, publicado por Elisabete Silva, 1 de Fevereiro, 2014


Yoani quer jornal digital e semear uma imprensa livre
Fotografia © Reuters
  
A cubana Yoani Sanchez, uma das principais figuras da oposição em Cuba, anunciou na sexta-feira a sua vontade de lançar um jornal digital na ilha, em meados deste ano, na esperança de "semear as raízes de uma imprensa livre".

Durante uma deslocação à Colômbia, Sanchez disse: "Quero passar de um projeto pessoal, como o meu blogue, a um projeto coletivo, responsável, com o objetivo de acompanhar a sociedade de Cuba na transição".
A opositora cubana deslocou-se à Colômbia para participar no evento cultural 'Hay Festival', cuja organização a convidou.
Conhecida pelo seu blogue "Generacion Y", esta filóloga, de 37 anos, afirmou que o seu objetivo é o de "criar uma consciência a partir da informação".
Com cerca de meio milhão de seguidores na sua conta na rede social Twitter e um blogue traduzido em 15 línguas, Sanchez foi considerada uma das cem mulheres mais influentes do mundo, em 2008, pela revista norte-americana Time.

Milhares em Madrid contra alteração a lei do aborto

por Lusa, publicado por Helena Tecedeiro, 1 de Fevereiro 2014
Milhares em Madrid contra alteração a lei do aborto 
Apoiantes de grupos feministas desfilaram hoje pelas ruas de Madrid em protesto contra as alterações à lei do aborto que o Governo espanhol pretende fazer aprovar no Parlamento 

 "Porque eu decido" é o título do texto que três delegadas da organização do desfile apresentaram àquele órgão legislativo, acompanhadas pela porta-voz socialista no Congresso, Soraya Rodriguez. 

Em declarações aos jornalistas, Begoña Piñero, porta-voz da organização "Las Comadres", exigiu ao chefe do governo espanhol, Mariano Rajoy, e ao ministro da Justiça, Alberto Ruiz-Gallardón, que retirem a proposta de lei de proteção da vida do feto e dos direitos da mulher grávida porque a mesma vai "contra a dignidade das mulheres". 

"Somos cidadãs de primeira e sabemos como e quando é que queremos ser mães", sublinhou a representante da associação de mulheres, que chegou hoje de manhã a Madrid no "Trem da Liberdade", que viajou com centenasa de mulheres desde as Astúrias e outras províncias de Espanha. 

Begonâ Piñero afirmou, ainda, que as mulheres não necessitam que "a Igreja e a extrema-direita" as guiem e insistiu em manter a atual lei por ser "mais plural".

Conferência de Imprensa em Teerão

17 e 18 de Agosto 2013
 Fotos publicadas por Reza Asadi, jornalista iraniano e Arash Karami, editor do site Iran Pulse, via Twitter.

«Vergonhoso: mulheres jornalistas sentadas no chão enquanto os homens assistem sentados nas cadeiras, durante uma conferência de imprensa», escreve Reza Asadi.
A agência de imprensa iraniana Mehr News Agency argumentou que a sala estava cheia, não havia lugar para toda a gente e muitos homens também ficaram de pé. 

"E nenhum homem  ofereceu uma cadeira a estas jornalistas iranianas", perguntou Arash Karami.
Segundo as estatísticas do ministério da cultura e da orientação islâmica, em 2009  o Irão contava 8.044 jornalistas: 3.455 mulheres (das quais 1.645 só em Teerão) e 4.589 homens. Mas muito poucas exercem postos de responsabilidade. Por exemplo, nenhuma mulher ocupa o posto de redactora-chefe no Irão, uma situação já assinalada...em 1999.

26 janeiro 2014

As Praxes - Bullying e humilhação "universitária"

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No meu tempo de estudante universitária, nos anos 60 (já sei que sou um fóssil!), tanto eu como os meus colegas que lutávamos pela liberdade de pensamento e de expressão, por um ensino melhor e pelo conhecimento como meio de ter uma vida com sentido, éramos contra as praxes que eram aceites pelo regime de Salazar como uma forma de alienação dos estudantes - era o circo a substituir o pão (neste caso, o pensamento e o conhecimento). E, na verdade, esse circo infantilóide e humilhante, exercido quase sempre por maus alunos que se eternizavam nas faculdades e faziam dessas práticas o seu modo de vida, era muito pouco insignificante e quase sempre ridicularizado pelos colegas.

Por isso vi com desgosto a juventude voltar a esses "rituais" de palhaçada quase sempre aviltantes para o caloiro, por vezes mesmo perigosas, quase sempre acompanhadas de outros excessos. Práticas que contagiaram os estudantes mais novos das escolas secundárias, a que felizmente os seus professores e directores souberam pôr fim a tempo. O que não aconteceu nas Universidades.

Repugna-me que alguém se arrogue o direito de humilhar os colegas mais novos ou mais fracos em público, e espanta-me que essa forma de bullying (que já tem provocado desistências de alunos dos seus cursos e abandono da Universidade) seja permitida e encarada até com complacência pela nossa sociedade.

A análise de José Pacheco Pereira é detalhada, incisiva e realista. Devia servir para reflexão e, talvez, para uma tomada de posição. Aqui têm o seu artigo:

A abjecção das praxes

É-me pessoalmente repugnante o espectáculo que se pode ver nas imediações das escolas universitárias e um pouco por todo o lado nas cidades que têm população escolar, de cortejos de jovens pastoreados por um ou dois mais velhos, vestidos de padres, ou seja, de “traje académico”, em posturas de submissão, ou fazendo todo o género de humilhações em público, não se sabe muito bem em nome de quê.

Há índios com pinturas de guerra, meninas a arrastarem-se pelo chão, gente vestida de orelhas de burro, prostrações, derrame de líquidos obscuros pela cabeça abaixo, e uma miríade de signos sexuais, e gestos de carácter escatológico ou coprológico, que mostram bem a fixação dos rituais da praxe numa idade erótica que o dr. Freud descreveu muito bem.

Talvez pelas alegrias de ser vexado, o objectivo do coma alcoólico é muito desejado e o mais depressa possível. De um modo geral está quase tudo em adiantado estado de embriaguez, arrastando-se ao fim do dia pelos sítios mais improváveis, bebendo aquelas bebidas como os shots que são o atestado de que não se sabe beber, um álcool forte seja ele qual for, absinto, vodka ou cachaça e um licor ou sumo ultradoce para ajudar a engolir. Os nomes dos shots, do popular “esperma” ao “orgasmo”, passando pelo B-52, “bomba atómica”, "vulcão”, “bomba”, “Singapura”, “broche”, “inferno”, “chupa no grelo”, "Kalashnikov”, “levanta-mortos” ao “vácuo” (muito apropriado), fazem parte da cultura estudantil da Queima e da praxe. Por cima disso tudo, hectolitros de cerveja, a bebida que o nosso diligente ministro da Economia conseguiu retirar da proibição de servir bebidas alcoólicas a menores, um exemplo do que valem as ligações políticas de um gestor no seu sucesso como empreendedor.

A praxe mata, já tem matado, violado e agredido, enquanto todos fecham os olhos, autoridades académicas, autoridades, pais, famílias e outros jovens que aceitam participar na mesma abjecção. Já nem sequer é preciso saber se os jovens que morreram na praia do Meco morreram nalguma patetice da praxe, tanto mais que parece terem andado a seguir uma colher de pau gigante, fazendo várias momices, uma das quais pode ter-lhes custado a vida. Eu escreveria, como já escrevi noutras alturas, o mesmo, houvesse ou não houvesse o caso do Meco. (Aliás, é absurdo e insultuoso para a dignidade de quem morreu o espectáculo de filmes de telemóvel e entrevistas que as televisões têm passado, mas isso é outro rosário, da nossa estupidificação colectiva…)

Tenho contra a praxe todos os preconceitos, chamemos-lhe assim, para não estar a perder tempo, da minha geração. A praxe quando estava na faculdade era vista como uma coisa de Coimbra, um pouco antiquada e parola, de que, felizmente, no Porto e em Lisboa não havia tradição. No Porto, onde estudava, havia um cortejo da Queima das Fitas e a percentagem de estudantes vestidos de padres com capa e batina aumentava por uma semana, mas durante o ano era raro ver tal vestimenta. A situação era variável de escola para escola, mas a participação em actividades ligadas com a praxe era quase nula. Aliás, qualquer ideia de andar a “praxar” os estudantes do primeiro ano era tão exótica como a aparição de um disco voador na Praça dos Leões. Infelizmente muitos anos depois, apareceu uma verdadeira flotilha. Em Lisboa, muito menos, nada. Depois, outro enxame de discos voadores com padres de capa e batina.

Quando se deu a crise em Coimbra em 1969, a contestação à praxe acentuou-se, embora algumas “autoridades” da praxe, como o dux veteranorum, tenham apoiado a luta estudantil. Se em Coimbra a Queima das Fitas foi contestada, porque violava o “luto académico”, no Porto, as tentativas de a manter acabaram em cenas de pancadaria com grelados e fitados até que progressivamente desaparecerem do mapa. Tornava-se então evidente que o nascente conflito sobre a Queima no Porto se tinha tornado politizado entre uma universidade que as autoridades da ditadura cada vez menos controlavam e a tentativa de encontrar, por via da praxe, uma forma de resistência ao movimento associativo e estudantil. As últimas lutas mais importantes no Porto, como a contestação do Festival dos Coros, com as suas prisões em massa, tinham colocado as praxes e a Queima das Fitas do lado do regime e provocaram um longo ocaso das suas manifestações. Até um dia.

Eu participei nessas escaramuças políticas, mas também culturais, e escrevi alguns panfletos, incluindo um, Queimar a Queima, que circulou pelas três universidades em várias versões e edições. Mas, na luta contra a praxe, tornava-se cada vez mais evidente já nessa altura que estava em causa não apenas a conjuntura desses anos de brasa estudantis, mas também uma recusa da visão lúdica e irresponsável da juventude, e que, se se tratava de um rito de passagem, era para a disciplina da ordem e da apatia política. Rallies, touradas, bailes de gala, beija-mão ao bispo na bênção das pastas – tudo acompanhado pelas autoridades académicas muito contentes com a “irreverência” dos “seus” jovens, quando ela se manifestava naquelas formas – eram muito mais uma introdução à disciplina do que o despertar de qualquer consciência crítica. No fundo, o que se pretendia era que houvesse uma “explosão” de inanidades, a que depois se seguiria a disciplina da vida adulta, casamento, emprego, família e filhos, ordem social e hierarquia.

Ao institucionalizar a obediência aos mais absurdos comandos, a humilhação dos caloiros perante os veteranos, a promessa era a do exercício futuro do mesmo poder de vexame, mostrando como o único conteúdo da praxe é o da ordem e do respeito pela ordem, assente na hierarquia do ano do curso. Mas quem respeita uma hierarquia ao ponto da abjecção está a fazer o tirocínio para respeitar todas as hierarquias. Se fores obediente e lamberes o chão, podes vir a mandar, quando for a tua vez, e, nessa altura, podes escolher um chão ainda mais sujo, do alto da tua colher de pau. És humilhado, mas depois vingas-te.

Nos dias de hoje continua para mim evidente o papel deste tipo de rituais na consolidação de uma vida essencialmente amorfa e conservadora, desprovida de solidariedade e intervenção social e política, subordinada a todos egoísmos e disponível para todas as manipulações. Aliás, a evidente ausência do movimento associativo estudantil da conflitualidade dos dias de hoje e a fácil proliferação das “jotas” nessas estruturas, tanto mais eficaz quanto diminui a participação dos estudantes em qualquer actividade que não seja lúdica (numa recente eleição na Universidade do Porto para um universo de 32000 estudantes participaram 2000, em contraste com uma muito maior mobilização dos professores num processo eleitoral do mesmo tipo), acompanham a generalização da submissão à praxe. De facto, a praxe mata, às vezes o corpo, mas sempre a cabeça.


Historiador

25 janeiro 2014

Galiza avisa que espanholas virão abortar a Portugal se reforma da lei for aprovada


Presidente da Xunta, Alberto Núñez Feijóo, considera que legislação espanhola deve adequar-se à realidade europeia.
 O Presidente do governo regional da Galiza, Alberto Núñez Feijóo, espera que os legisladores espanhóis sejam capazes de “alcançar o máximo consenso possível” e adequar a reforma da lei do aborto proposta pelo executivo conservador de Mariano Rajoy à realidade europeia, para evitar que as mulheres espanholas cruzem a fronteira para interromper a gravidez em Portugal.

O presidente da Xunta é um dos muitos políticos do Partido Popular a criticar o polémico anteprojecto para a reforma da lei do aborto proposta pelo ministro da Justiça, Alberto Ruíz-Gallardón, e aprovado em Conselho de Ministros. A revisão proposta restringe o direito à interrupção voluntária da gravidez, que agora é livre até às 14 semanas de gestação, aos casos de violação ou quando a saúde da mãe estiver em risco (comprovado por dois atestados médicos).

“Temos que estar conscientes de que vivemos ao lado de Portugal e não gostaria que houvesse pessoas em Espanha a cruzar a fronteira para realizar actos que no meu país não se admitem”, notou o governante, numa entrevista à Rádio Nacional Espanhola (RNE). Feijóo não respondeu directamente sobre a possibilidade de as mulheres galegas passarem a recorrer aos serviços de saúde portugueses para a prática de abortos no caso de a lei ser aprovada – mas sublinhou que essa situação acontecia antes da introdução da chamada “lei de prazos”. “Não se pode ter a certeza que não voltaria a acontecer se a legislação se tornasse mais restritiva”, disse.

Para o dirigente galego, a Espanha “não tem que assumir a legislação do aborto portuguesa”, ou a da França, o outro país vizinho que também poderá ser procurado pelas espanholas que desejem interromper a gravidez. “Mas como membro da União Europeia, a legislação espanhola deve adequar-se ao contexto europeu em que estamos”, defendeu.

Alberto Núñez Feijóo desvalorizou as divergências no seio do Partido Popular por causa da proposta de reforma – que mereceu a crítica quase consensual dos partidos de oposição –, assegurando que o partido concedeu aos seus membros “a liberdade que merecem as pessoas em assuntos difíceis” e garantindo que “o Governo pretende alcançar o maior consenso possível”.

O presidente da Xunta lembrou que o anteprojecto ainda se encontra numa fase de consulta e discussão no Congresso e que por isso “apesar de se manterem os princípios gerais do texto, as questões concretas ainda podem ser ajustadas”. Nesse sentido, exortou os deputados a “legislar para o conjunto dos espanhóis”, para que a reforma tenha “uma vocação de permanência”.

Referendar o horror

 FERNANDA CÂNCIOpor FERNANDA CÂNCIO17 janeiro
Percebo o horror com que alguns terão visto em maio a aprovação do projeto de lei sobre coadoção em casais do mesmo sexo. Terá sido um choque darem-se conta da existência, entre nós, de casais do mesmo sexo com crianças. É compreensível: são crianças iguais a todas as outras, não andam por aí com uma cruz na testa ou na lapela. Não há notícias de tumultos nas escolas que frequentam, nos prédios e nas ruas onde vivem com a família. Aliás, até há muito pouco tempo, não havia notícias: podia acreditar--se que estas crianças não existem.

Quem se habituou a pensar assim, quem gosta de pensar assim, prefere agarrar-se a essa ideia. É por esse motivo que de cada vez que se fala de coadoção em casais do mesmo sexo - a possibilidade de um dos cônjuges solicitar a um tribunal que lhe permita adotar o filho, biológico ou adotivo, do outro cônjuge, filho esse que vive com os dois, que é criado pelos dois e chama mãe ou pai aos dois (e que não pode ter mais nenhuma mãe ou pai reconhecido pela lei, porque se tiver a coadoção é interdita) - há quem fale de adoção por casais do mesmo sexo. Conduzir o debate para a possibilidade de adotar, em conjunto, uma criança disponível para tal e até aí sem laços com o casal permite dizer coisas como "as crianças devem ter direito a um pai e a uma mãe"; "a adoção não é um direito dos adultos, é um direito das crianças"; "não sabemos o efeito numa criança de ser criada por dois pais e duas mães, por isso é melhor não arriscar" - etc. Sobretudo, permite fingir que se está a pôr acima de tudo a preocupação com as crianças, quando a intenção é a contrária.

Negar a determinadas crianças o direito de gozar da proteção que lhes confere o reconhecimento legal de dois progenitores em vez de um: é isso que quer quem recusa a coadoção em casais de pessoas do mesmo sexo. Tem um tal horror aos homossexuais que não hesita em sacrificar o bem-estar muito concreto das crianças muito concretas que com eles vivem. Como bem sabe que isso é vergonhoso, finge estar a tentar impedir que "se entreguem crianças a homossexuais" e pede um referendo "para a sociedade decidir".

Entendamo-nos: as crianças em causa na lei da coadoção nunca vão ter "um pai e uma mãe". Têm duas mães ou dois pais e tê-los-ão sempre - quer a lei lhos reconheça ou não. Não está em causa decidir com quem essas crianças vivem, quem vai educá-las e amá-las e quem elas vão amar. Essa decisão não nos pertence. A nossa opção é entre aceitar e proteger essas famílias ou rejeitá--las e persegui-las. Entre dizer a essas crianças "a tua família é tão boa como as outras" ou "a tua família não presta". Referende-se então isso: "Tem tanto horror aos homossexuais que deseja que a sociedade portuguesa decida em referendo discriminar os filhos deles ou acha que a lei portuguesa deve deixar, o mais depressa possível, de fingir que essas crianças não existem e o Parlamento lhes deve garantir os direitos que lhes faltam?"

15 janeiro 2014

«Explosão» de Vítor Pereira em conferência de imprensa faz furor online | Desporto : Futebol : Internacional | Diário Digital

«Explosão» de Vítor Pereira em conferência de imprensa faz furor online

As ditaduras muçulmanas e a censura:

Depois das já célebres conferências de imprensa de Toni quando orientava os iranianos do Tractor, outro treinador português faz furor online. Vítor Pereira, ex-técnico do FC Porto, irritou-se com o responsável de comunicação do Al Ahly durante a conferência de rescaldo após a derrota frente ao Al Ittifaq, na Arábia Saudita.

Apesar de o incidente ter já algumas semanas, só agora ganhou notoriedade nas redes sociais e no YouTube.
O antigo técnico dos «dragões» irritou-se quando, após falar de um jogador ser «mau profissional», o assessor interrompeu-o e pediu-lhe que se cingisse a falar dos «aspectos técnicos» do jogo.
Vítor Pereira não disfarçou a indignação e confrontou o assessor, perante os incrédulos jornalistas.
«Nunca ninguém me disse o que dizer», disparou o treinador.

30 dezembro 2013

"Tinha a certeza de que me queriam matar", revela a jornalista ucraniana agredida

A jornalista ucraniana Tetiana Chornovil considerou que o ataque de que foi vítima na quarta-feira "não terá sido cometido de forma aleatória", depois de passar o dia a fotografar as propriedades do ministro do Interior e procurador-geral. 


Em entrevista à televisão pertencente à oposição da Ucrânia, Kanal 5, ainda no hospital, a jornalista opositora do Governo, que tem o nariz partido e ainda não pode abrir um olho, disse que no dia da agressão foi seguida "por um jipe de luxo de cor preta".

A agressão ocorreu no mesmo dia em que a jornalista fez várias fotos das propriedades do ministro do Interior, Vitaly Zakharchenko, e do procurador-geral Viktor Pchonka, afirmou Tetiana Chornovil, que é igualmente ativista da "Euromaidan" (Praça da Independência), onde se concentram as manifestações pró-União Europeia.

O ataque aconteceu perto da meia-noite (hora local) numa rua próxima da cidade de Boríspol, na periferia de Kiev, quando Chornovil regressava de carro da capital para sua casa na localidade de Gorá.

"Voltei para a minha aldeia (nos arredores de Kiev). Quando eu vi este carro, eu decidi ir para Maidan", contou a jornalista, assinalando que o veículo que a seguia começou a bater de todos os lados para a forçar a parar o automóvel.

"Quando você é atingido por um carro e de luxo, você entende que sua vida tem um preço", disse, adiantando que, apesar de ter tentado fugir, um dos ocupantes do jipe quebrou uma janela do seu carro, pegaram nela e bateram-lhe "várias vezes na cabeça e no rosto".

"Eu tinha certeza de que me queriam matar", afirmou, na entrevista ao Canal 5.

A jornalista, que publicou vários trabalhos investigativos sobre a residência "ilegalmente privatizadas" pelo Presidente da Ucrânia, Viktor Yanukovych, disse igualmente na entrevista que descobriram recentemente uma nova residência do chefe de Estado ucraniano.

A agressão a Tetiana Tchornovol, que também está na vanguarda da disputa pró-europeia, causou uma onda de revolta na Ucrânia e no exterior, e a oposição ucraniana convocou uma nova manifestação para domingo.

Entretanto, a polícia ucraniana anunciou que foram já detidos três suspeitos da agressão à jornalista.

Jovem violada por 2 gangues, na mesma noite, na Índia

Na véspera de Natal uma mulher indiana foi atacada duas vezes por dois gangues diferentes quando saiu da casa de uns amigos. Pelo meio ainda foi ajudada por uns conhecidos mas o segundo grupo de homens conseguiu raptá-la dos ajudantes, avança a BBC.
Uma mulher de 21 anos foi violada por dois gangues diferentes no mesmo dia, em Pondicherry, na India. A polícia local afirmou que os 10 homens envolvidos foram detidos, de acordo com a BBC.

Smitha regressava a casa depois de passar a consoada com uns amigos, em Karaikal, na província de Puducherry, na Índia, quando foi sequestrada por três homens e violada por um deles. Alguns minutos depois, outro grupo de sete homens chegou e seis deles voltaram a violá-la, um por um, alternadamente.

Smitha estava acompanhada de uma amiga e do namorado desta. Rani queixou-se de mal estar e o rapaz propôs que fossem para casa de um amigo, ali perto. Smitha sugeriu que subissem só os dois, pois queria voltar para casa cedo. E seguiu caminho.

No momento em que se encontrava sozinha, em segundos, um gangue de três homens aproximou-se e sequestrou-a. A jovem ainda conseguiu contactar uns amigos, dois dos quais a localizaram e foram ao seu encontro, mas, quando estavam a levá-la para um local seguro, apareceu outro gangue de sete homens que os atacou, afastando-os. E Smitha voltou a ser violada e agredida violentamente.

Os dois amigos, já recuperados, iniciaram uma caça aos agressores e partiram em busca da jovem. Conseguiram identificar um dos homens envolvidos e decidiram fazer justiça, envolvendo-se numa rixa com o guangue que, entretanto, se reunira. 

Um homem residente no local alertou a polícia para o que estava a suceder. Três dos agressores foram presos e outros sete suspeitos detidos mais tarde. A polícia adiantou que um dos jovens acusados era menor de idade e avança ainda que os dois grupos não têm qualquer relação entre si e não eram conhecidos da vítima.

A comandante da polícia local, Monika Bahardwaj, revelou que foi aberta uma investigação para averiguar a veracidade do depoimento da vítima. O inspetor e chefe do departamento, Venkatachalapathy Sabapathy, foi suspenso por não conseguir lidar com o incidente. 

A BBC refere que dois agentes da polícia foram suspensos no desenrolar deste caso por se terem negado a registar a participação da mulher.

Os suspeitos já confessaram o crime, diz a polícia, mas ainda não foram formalmente acusados pelo tribunal. Nenhum deles falou publicamente sobre o sucedido.

Smitha trabalhava numa empresa de informática, em Tamil Nadu. Foi encontrada em estado muito grave e está neste momento internada no Hospital de Yaraikal, perto de Puducherry.


A Índia tem sido amplamente noticiada devido a casos de violência contra as mulheres, mesmo tendo já havido mudanças nas leis devido ao caso ocorrido em Dezembro do ano passado em Nova Dehli, em que uma estudante de 23 anos foi espancada e violada repetidamente num autocarro em movimento por um grupo de homens, tendo resultado na sua morte.

11 dezembro 2013

Hyeonseo Lee: A minha fuga da Coreia do Norte

Enquanto criança a crescer na Coreia do Norte, Hyeonseo Lee pensava que o seu país era "o melhor do mundo". Apenas com a fome dos anos 90 é que começou a questionar-se. Ela fugiu do país aos 14 anos, para começar uma vida na clandestinidade, como refugiada na China. A ela pertence uma história angustiante e pessoal de sobrevivência e esperança – e uma poderosa lembrança daqueles que enfrentam o perigo constante, mesmo quando a fronteira já ficou para trás. Born in North Korea,
Filmed Feb 2013 • Posted Mar 2013TED2013

Hyeonseo Lee left for China in 1997. Now living in South Korea, she has become an activist for fellow refugees.

Manal al-Sharif e a sua luta pelos direitos das mulheres

Não existe uma verdadeira lei que proíba as mulheres de conduzir na Arábia Saudita. Mas é proibido.

Há dois anos, Manal al-Sharif decidiu encorajar as mulheres a conduzir, fazendo-o — e filmando-se para o YouTube. Ouçam a sua história do que aconteceu em seguida e como ela luta pelos direitos das mulheres sauditas.

Manal al-Sharif advocates for women’s right to drive, male guardianship annulment, and family protection in Saudi Arabia.


A culpa é tua!

Atrizes satirizam culpabilização da mulher, na Índia, em casos de violação



A maioria das vítimas de ataques sexuais são mulheres, que vêem apontadas as suas roupas como razão do crime que sofreram. Atrizes de Bollywood usam a comédia para criticar este argumento.
 
Duas atrizes indianas usam o sarcasmo para criticar aqueles que culpabilizam as mulheres vítimas de violação sexual, seja por saírem à noite com amigos homens ou por usarem saias na rua.
 
Nos últimos meses têm ocorrido vários casos de abusos sexuais na Índia, incluindo ataques em grupo. O debate sobre este tema é cada vez mais frequente na sociedade indiana.
 
O vídeo, intitulado ‘A culpa é tua', mostra duas atrizes, ambas membros do grupo de comédia All India Backhod's, a dizerem às mulheres que elas são culpadas pelo crime que sofreram.
 
"Mulher, a culpa é tua", repetem à medida que apontam as razões para a sua violação: ficar a trabalhar até tarde, as roupas que usam e não dar luta aos agressores, à medida que vão ficando com cada vez mais feridas e ensanguentadas.

Violações sexuais não param de aumentar na Índia

25 mil mulheres por ano são violadas na Índia, uma a cada 20 minutos. Há oito meses uma violação coletiva num autocarro, em plena luz do dia, matou uma estudante. O caso incendiou a opinião pública indiana e deu visibilidade mundial a este crime horrendo, apesar disso o número de violações sexuais não pára de aumentar.
Artigo publicado no portal Opera Mundi - 2 Setembro, 2013 
     
 
Sonali Mukerjee era estudante em Dhanbad, uma pequena cidade do nordeste. No dia 22 de abril de 2003, três jovens assediaram-na sexualmente ao sair do colégio. A jovem defendeu-se e chegou a casa ilesa. Durante a noite, os atacantes invadiram-lhe a casa e lançaram-lhe ácido no rosto e em boa parte do corpo, enquanto dormia. A sua pele ardeu, os seus olhos e orelha desapareceram quase por completo. Tinha 18 anos e hoje ainda necessita de cirurgias para continuar viva. Os seus agressores passaram dois anos na cadeia.
 
Tal como Sonali, a famosa heroína de Déli que morreu em dezembro passado, defendeu-se dos seus agressores. O nível de violência exercido pelos seus cinco violadores, num autocarro em movimento, escandalizou a sociedade hindu, que protestou e exigiu o fim das agressões. Não participaram apenas os militantes e as feministas, também a classe média profissional e os estudantes marcharam na capital, em Mumbai e em uma dúzia de cidades.

O dia a dia da jovem estudante de fisioterapia de 22 anos, em coma num hospital, era transmitido ao vivo por emissoras de televisão e rádio de todo o mundo. Logo após a sua morte, com os cinco acusados detidos (um deles menor de idade), o seu pai e vários políticos pediram pena de morte para os arguidos.

Desde então, há nos meios de comunicação um debate sobre a agressão contra as mulheres, com as violações em primeiro plano. Paradoxalmente, algumas semanas depois, pelo menos oito adolescentes indianas foram violadas num internato para mulheres no estado de Orissa — caso que mereceu apenas alguns parágrafos em um dos diários nacionais em fevereiro.

Como explicar a frequência das violações (cuja incidência aumentou até 70% no sul da Índia nos últimos dois anos) e a extrema violência das agressões masculinas.
 
Sonali, que percorre o país defendendo vítimas como ela, acredita que em parte isso acontece porque as mulheres ainda acreditam estar indefesas, e luta para que se fortaleçam e aprendam defesa pessoal. “Se uma mulher ou uma jovem acredita ser frágil, talvez não consiga proteger-se ”, explica.

Boski Jain, jovem profissional do centro do país, e Abenla Ozükum, trabalhadora social indiana do nordeste, coincidem numa coisa: as formas de domínio masculino são antigas, os homens, na Índia, “têm visto as mulheres desde sempre como mercadorias, se considerando superiores e depreciando-as”, explica Ozükum.

Estigma de ser mulher

Aqui, as demonstrações físicas de afecto em público são escassas. Os jovens raramente dão as mãos e não se beijam nos parques ou centros comerciais. Os meios de transporte colectivo reservam, por lei, uma porção de lugares para as mulheres e as penas por delitos sexuais incluem a morte por enforcamento.

Por outro lado, os casos de agressões e abusos são comuns. Na rua e em casa, nos autocarros e nas escolas. “Talvez devessem torná-los impotentes pelo resto da vida, castigá-los com toda severidade”, afirma Boski Jain, de 25 anos.

No entanto, a possibilidade de contar com a polícia é insignificante. Há um ano, a revista Tehelka realizou uma reportagem escondida em diversas esquadras. Mais de doze oficiais explicaram frente a uma câmara que as mulheres quase sempre provocavam (ou desejavam) a violação. Talvez por isso o nível de condenações por violação é apenas 26% dos casos denunciados.

Alguns costumes masculinos

Pode ser pior: muitas vezes, sobretudo em comunidades ou famílias muito religiosas, independentemente de crenças, classe ou casta, as mulheres violentadas são obrigadas a casar com os seus agressores, como reparação pelo dano e para restituir sua honra, que de outra forma perderiam para sempre (junto com o respeito dos demais).

Ou poderia procurar-se a causa em parte no assassinato das recém-nascidas (na Índia, a lei proíbe que um ultrassom determine o sexo do feto para prevenir o aborto ou posterior assassinato). Ou nos casamentos arranjados que incluem crianças e adolescentes.

Talvez na falta de educação sexual nas escolas e lares, como aponta Abenla Ozükum, porque sem ela “é impossível mudar a mentalidade do povo”. Para Sonali Mukherjee, esse processo necessário levaria tempo “se começamos agora, mas o cenário seria mais favorável em 10 ou 15 anos”.

Mas as violações e a impunidade masculina não são exclusividade da Índia. Na África do Sul, por exemplo, uma jovem de 17 anos foi violada num bar de Soweto em dezembro, enquanto o seu namorado de Déli lutava pela vida. Ninguém no bar fez nada, nem mesmo chamou a polícia. Poderíamos mencionar a China, onde morrem o dobro de bebés meninas que neste país (cerca de 10 mil em 2010). Ou os Estados Unidos, onde uma mulher é violada por minuto...

Dados oficiais do governo indicam que em Bengala Ocidental houve pelo menos 30 mil denúncias de crimes contra mulheres em 2013, algo que a governadora Banerjee nega, “como se eu tivesse culpa das violações”.

A estatística das violações é de quase 25 mil por ano em toda a Índia (um a cada 20 minutos). Três de cada quatro violadores saem livres “e a prisão não ajuda porque seguem sendo parte de uma comunidade”, diz Sonali. “Deveriam ser condenados à prisão perpétua em completo isolamento, sem nem contato com seus familiares.”

Há algumas semanas, Sonali fez 29 anos. E Rubi Gupta, de 28, morreu no dia 21 de julho em um hospital na cidade de Bhopal, queimada com ácido pelo seu ex-namorado. Uma semana mais tarde, cinco jovens sequestraram uma criança de 12 anos na sua comunidade, violaram-na e abandonaram-na no caminho; não há ainda detidos. A lista de crimes e abusos parece interminável, as causas e as explicações também.

06 dezembro 2013

TEDxBelémWomen

Os Portugueses pioneiros da Globalização

(ou como fazer romance histórico com a matéria "politicamente incorrecta" dos Descobrimentos)

Sou uma contadora de histórias de longo fôlego, tinha de falar de mim e dos meus "sucessos" (tema do TED), mas interessava-me mais falar das minhas personagens, cujas vidas foram verdadeiramente extraordinárias. Porém a regra dos 20 minutos das TEDx é um garrote e faz acelerar e, por vezes, faz perder o fio à meada.


A escritora Deana Barroqueiro foi uma das oradoras do evento!
Sua apresentação acontece +/- a 1h 30 m do vídeo


The Portuguese, pioneers of Globalisation - by Deana Barroqueiro, starting at 1h 34m in this video


Thu Dec 5, 2013 10:25am EST — Thu Dec 5, 2013 2:00pm EST
              
"Breaking new worlds" is the theme for TEDxBelémWomen; an event organized by Elizabeth Canha and Maria Serina, both journalists in whose careers the business world and the women’s world met. Female speakers from different areas and a broad age spectrum will be sharing ideas and inspiring experiences that will not leave one untouched. Follow us through our site at http://www.tedxbelemwomen.com/ or on Facebook at https://www.facebook.com/tedxbelemwomen

02 dezembro 2013

The naked truth: Hollywood still treats its women as second class citizens

Research shows female stars are paid less, have fewer lines and spend more time with their clothes off than men.
- The Observer,
 Inequality: The Bottom Line. Click image to enlarge. Graphic: James Melaugh
 
By Monday morning, The Hunger Games: Catching Fire, the sci-fi adventure thriller starring Jennifer Lawrence, will have taken close to half a billion dollars in global ticket sales. A female-led blockbuster is rare in any year, and all the more so in one marked by box-office disappointments and industry turmoil.

Nevertheless the film's success is likely to intensify rather than diminish calls for greater sexual equality in film. For despite the success of women-led films such as The Hunger Games and Cate Blanchett's Oscar-tipped performance in Woody Allen's Blue Jasmine, or directors like Kathryn Bigelow and writers such as Lena Dunham – and most recently the taboo-busting French lesbian romance Blue Is the Warmest Colour – Hollywood remains stubbornly set in its ways regarding sexual equality.

The New York Film Academy has published a remarkably comprehensive study that demonstrates just that: enduring disparities are revealed in the number of speaking parts given to men and women; the relative number of roles requiring full or partial nudity also shows a stark difference; and the sexual divide in offscreen jobs and the gulf in earnings between male and female actors is laid bare.

In publishing the survey, the academy called for a discussion about why, when women comprise half of ticket-buyers and nearly half of directors entered at this year's Sundance Film Festival, their numbers fall away dramatically at the top end of the industry. "By shedding light on gender inequality in film, we hope to start a discussion about what can be done to increase women's exposure and power in big-budget films," its publishers state.

Examining the top 500 films from 2007 to 2012, the survey found one third of speaking parts are filled by women and only 10% of films are equally balanced in terms of roles. The average ratio of male to female actors is 2.25 to 1.

"Like in any big industry, change takes time," points out Dr Martha M Lauzen, executive director, Centre for the Study of Women in Television, Film & New Media at San Diego state university, California, whose research forms the basis of the academy study. "The film industry doesn't exist in a bubble. It's part of a larger society that tends to have biases and prejudices."

According to Lauzen, women comprised 18% of all directors, executive producers, producers, writers, cinema- tographers, and editors working on the top 250 domestic grossing films in 2012 – an improvement of only 1% since 1998. Counting directors alone, women accounted for only 9% – the same figure as in 1998. Lauzen says it is relevant to compare the number of women in positions of power in film, onscreen or off, to the number of women in leadership positions in Fortune 500 companies. "All of these are highly coveted, high-status positions – and when you're talking about those kinds of positions, they remain dominated by men."

The most surprising thing, Lauzen says, is the apparent lack of change. "A filmgoer might reference Hunger Games and think things must be OK. It's easy to be misled by a few high-profile cases. But you have to do the count; and the numbers show we're not seeing any change." According to Forbes, the 10 highest-paid actresses made a collective $181m (£110m) versus $465m made by the top 10 male actors. At last year's Academy Awards, 140 men were nominated compared with 35 women. There were no female nominees in directing, cinematography, writing or in several other categories.

When it comes to the silver screen itself the results of Lauzen's research are even more stark: 29% of women in the top 500 films wore sexually revealing clothes compared with only 7% of men; 26% of actresses appear partially naked, compared with 9% of men, and the percentage of teenage females depicted with some nudity has risen by a third since 2007. While those figures may be skewed by one film alone (Harmony Korine's hit teenage skin celebration Spring Breakers) the overall pattern of sex bias is unmistakable.

The casting of 50 Shades of Grey has been dogged by the reluctance among a series of potential male leads (including British hunk Charlie Hunnam, who accepted the part before dropping out over "scheduling conflicts") to get their kit off in a three-movie deal. At the same time, Adèle Exarchopoulos and Léa Seydoux, the stars of Blue Is the Warmest Colour, who were jointly awarded the Palme d'Or at the Cannes Film Festival, have spoken of their embarrassment at the excessive attention paid to the 20 minutes of sex in the three-hour movie. New York Times critic Manohla Dargis likened director Abdellatif Kechiche's filming to pornography. "Women tend be younger and are still expected to adhere to a higher standard of appearance," says Lauzen, whose studies have found filmgoers are more likely to know the marital status of a female character and occupation of a male. All of this feeds into stereotypes about the important parts of identity. For women, that is to be very young and look a certain way."

In her acceptance speech for an award for excellence in film, at Women in Film LA's annual Crystal+Lucy awards in June, actress Laura Linney witheringly described the overwhelmingly male ambience in the US film industry. When she first started, she said, she was astonished at the "enormous amount of time" men spent discussing the colour of her hair – a process that became "absurd and a complete waste of time".

"I soon realised that for the most part I was surrounded by men. As an actress in film, it is very easy to become isolated just due to the ratio of gender inequality that exists. Rarely do you have a scene with other women, very few women are on the crew, and what few female executives arrive tend to keep to themselves."

The success of individual women in film, whether Jennifer Lawrence in The Hunger Games, Cate Blanchett or Kathryn Bigelow, is often treated as a sign of progress, when, according to Lauzen and other critics, they are the exceptions that prove the rule. "The Hunger Games is just one film," says Lauzen. "The same thing happened when Bridesmaids came out, or when Kathryn Bigelow won her Oscar. People start talking about a 'Bridesmaids effect' or a 'Bigelow effect' – that these high-profile successes would radiate an effect to other women in the business."

But, she says, that's not the case. "Kathryn Bigelow's success may have helped her, but it didn't change the world because attitudes about gender or race or age are held on a very deep level. Old habits die hard. One of the reasons we haven't seen much change, is that it's not seen as a problem by people in positions of power – even by some women. Unless you perceive something as a problem you're not going to fix it."

26 novembro 2013

Telhado de vidro: Isabel Canha at TEDxFCTUNL 2013

 Isabel Canha, jornalista, é licenciada em Direito pela Faculdade de Direito de Lisboa. Iniciou a sua actividade profissional em 1988, como colaboradora da secção de Economia do jornal Semanário. Integrou a equipa fundadora da revista de negócios Exame, em 1988, e Fortuna, em 1991. Em 1996 transitou para a Executive Digest, onde exerceu funções de editora-chefe e no âmbito da qual desenvolveu o suplemento trimestral Executiva. Em Dezembro de 2000 tornou-se directora da Cosmopolitan.

In the spirit of ideas worth spreading, TEDx is a program of local, self-organized events that bring people together to share a TED-like experience. At a TEDx event, TEDTalks video and live speakers combine to spark deep discussion and connection in a small group. These local, self-organized events are branded TEDx, where x = independently organized TED event. The TED Conference provides general guidance for the TEDx program, but individual TEDx events are self-organized.* (*Subject to certain rules and regulations)

Publicado em 21/11/2013

25 novembro 2013

Violência doméstica: 33 mulheres morreram em 2013

Hoje é o Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra as Mulheres

Trinta e três mulheres foram mortas este ano pelos seus actuais ou ex-companheiros, segundo dados do Observatório de Mulheres Assassinadas, da União de Mulheres Alternativa e Resposta (UMAR), a maioria em contexto de violência doméstica.

Os dados do Observatório de Mulheres Assassinadas (OMA), a que a Lusa teve acesso, mostram que até ao dia 20 de Novembro registaram-se 33 homicídios e 32 tentativas de homicídio.

Já nos doze meses de 2012, houve 40 homicídios, 53 tentativas de homicídio, num total de 93 crimes.

No relatório do OMA consta que, do total de vítimas assassinadas, 58% mantinham uma relação de intimidade com o homicida, havendo também 15% de mulheres que já se tinham separado ou mesmo divorciado.

"Verifica-se assim que as relações de intimidade presentes e passadas representam 73% do total dos femicídios noticiados", lê-se no relatório.

Tendência que se mantém desde 2004, altura em que o OMA iniciou a elaboração dos relatórios anuais, sendo que, do total de 350 vítimas nestes 10 anos, 224 foram mortas pelo marido, companheiro, namorado ou no seio de outra qualquer relação de intimidade.

Fazendo uma caracterização da vítima, o trabalho da UMAR revela que este ano 43% das vítimas tinham entre 51 e 64 anos, logo seguido do grupo etário com mais de 65 anos (21%).

Já em relação aos homicidas, a maioria (58%) divide-se equitativamente entre o grupo etário com idades entre os 24 e os 35 anos e o grupo etário com mais de 65 anos.

"O grupo etário com maior prevalência é o dos homicidas com idades superiores a 50 anos (17), tal como registado nos anos de 2005, 2011 e 2012. Ao desdobrarmos este intervalo, contabilizamos oito homicidas com idades compreendidas entre os 51 e os 64 anos e nove com idades superiores a 65 anos", diz a UMAR.

Março foi o mês no qual ocorreram mais femicídios, com nove crimes, logo seguido pelo mês de Junho, com cinco, e pelos meses de Julho e Outubro, com quatro mortes em cada um.

A maior parte destes homicídios ocorreram no distrito de Lisboa (12), Setúbal (4) e Leiria (4).

"Atendendo-se à suposta motivação/justificação verificamos que, em 2013, grande parte dos femicídios praticados e registados pelo OMA ocorreu num contexto de violência doméstica já conhecida (28%)", refere.

Nesse sentido, o OMA aponta mesmo ter verificado que 61% das mulheres assassinadas viviam num contexto de violência doméstica.

Prova disso está no facto de 73% dos homicídios terem ocorrido na própria casa da vítima.
Por outro lado, em 15% das ocorrências, havia já uma denúncia feita.

Dos 33 homicídios registados, a OMA diz que apenas em relação a dois houve decisão judicial, sendo que o tempo médio entre a ocorrência do crime e o acórdão é de cerca de onze meses.

Hoje assinala-se o Dia Internacional para a Eliminação de Todas as Formas de Violência Contra as Mulheres.

Lusa/SOL