Romance: Tentação da Serpente


Um olhar feminino sobre o Antigo Testamento.
Uma história de mulheres, para mulheres, de que os homens também gostam.

"Tentação da Serpente" é uma reedição de "O Romance da Bíblia", publicado em 2010.

29 dezembro 2012

Índia: abertura de inquérito especial a violação coletiva em Nova Deli



A barbárie nos países em que as mulheres não têm direitos nem protecção legal.

As Victim of Gang Rape Dies, 6 Men Are Charged With Murder

NEW DELHI — As protests grew in India on Saturday over the death of a young woman who was raped in New Delhi this month by several men in a moving bus, the police said six men accused of attacking her had been charged with murder.
 
A police spokesman, Rajan Bhagat, said that if convicted of murder, the men could face the death penalty in the Dec. 16 attack, which shocked India because of its savagery, led to violent protests and prompted demands for improved protection for women as well as calls for the death penalty in rape cases.

The country’s Supreme Court ruled in 1980 that the death penalty should be used only in the “rarest of rare” cases, and fewer than 50 people have been executed since India’s independence in 1947.

The woman, who has not been identified, has become a symbol for the treatment of women in India, where rape is common and conviction rates for the crime are low. She boarded a bus with a male friend after watching a movie at a mall, and was raped and attacked with an iron rod by the men, who the police later said had been drinking and were on a “joy ride.”

She died Saturday morning in Singapore, where she had been flown for treatment for the severe internal injuries caused by the assault. She had an infection in her lungs and abdomen, liver damage and a brain injury, the Singapore hospital said, and died from organ failure. Her body was flown back to India on Saturday.

As news of her death spread Saturday, India’s young, social-network-using population began to organize protests and candlelight vigils in places like the western city of Cochin in Kerala, the outsourcing hub of Bangalore and New Delhi, the capital. Just a tiny sliver of India’s population can afford a computer or has access to the Internet, but the young, educated subset of this group has become increasingly galvanized over the New Delhi rape case.

Late Saturday afternoon, thousands of people, most of them men, filled Jantar Mantar, an observatory and popular protest ground in New Delhi, where they waved placards and shouted slogans. When Sheila Dikshit, the chief minister of Delhi, arrived there in the early afternoon surrounded by a police escort, she was booed, heckled and jostled by the crowd. Ms. Dikshit, a diminutive 74-year-old, stayed only a few minutes, lighting a candle and holding her hands together in prayer. She did not speak to the crowd. As darkness fell here in New Delhi, the crowd at Jantar Mantar lighted hundreds of candles.

Upamanyu Raju, 21, a student at Delhi University who attended the Jantar Mantar protest, said he had been protesting since a day after the rape victim was admitted to the hospital because of the “utter atrocity of what happened.”

Mr. Raju said he had given his younger sister pepper spray and a Swiss Army knife, but he worried that those things would not protect her. “It’s wrong to stop girls from going out” of the house, he said, but there is little choice because the city is so unsafe for women. According to a 2010 survey, more than a third of the women questioned in New Delhi said they had been physically sexually harassed in the previous year, but less than 1 percent reported the assault to the police.

The roads leading to India Gate, the site of earlier protests that had turned violent, were barricaded by the police early Saturday, and nearby subway stations were closed. More than 40 police units were deployed in the area, including 28 units of the Central Reserve Police Force, which are national anti-insurgency troops.

In South Delhi, hundreds of students from Jawaharlal Nehru University organized a silent march on Saturday from their campus to Munirka, the bus stop where the rape victim was picked up. The crowd of protesters trudged along a busy road, a few holding hastily made placards with phrases like “You are an inspiration to us all.”

On Saturday morning, Prime Minister Manmohan Singh expressed his “deepest condolences” to the family of the victim, who was a physiotherapy student.

“We have already seen the emotions and energies this incident has generated,” he said in a statement. “It would be a true homage to her memory if we are able to channelize these emotions and energies into a constructive course of action.” The government, he said, is examining “the penal provisions that exist for such crimes and measures to enhance the safety and security of women.”

And Sonia Gandhi, India’s most powerful female politician and the president of the governing Congress Party, made a rare televised statement that was broadcast Saturday.

“As a woman, and mother, I understand how protesters feel,” she said. “Today we pledge that the victim will get justice,” she said. Even larger protests are planned for Sunday, protesters in Delhi said, including a so-called March for Freedom from the Delhi University subway station.

Anjani Trivedi contributed reporting.

Jovem vítima de violação em grupo, num autocarro em Nova Deli

Uma jovem indiana que foi violada em grupo e barbaramente espancada num autocarro em Nova Deli morreu hoje em Singapura, anunciou o hospital onde se encontrava.

O porta-voz, Rajan Bhagat, anunciou a decisão da polícia de processar os seis homens, entretanto detidos, horas após a morte da jovem num hospital de Singapura, e acrescentou que os violadores poderão ser condenados à pena de morte.

A vítima da violação coletiva num autocarro em Nova Deli "morreu em paz" hoje de manhã no hospital Mount Elizabeth, em Singapore, acompanhada da família e de representantes da embaixada indiana no país, segundo um comunicado do diretor da unidade de saúde, Kevin Loh.

Ao fim de dez dias num hospital da capital indiana, a mulher foi levada na quinta-feira para o hospital de Singapura, especializado em transplantes multi-órgãos.

Loh disse que a paciente estava em estado extremamente crítico desde quinta-feira e que na sexta-feira piorou, com os sinais vitais a deteriorar-se.
"Apesar de todos os esforços de uma equipa de oito especialistas no hospital Mount Elizabeth para a estabilizarem, o seu estado continuou a piorar nestes dois dias", disse Loh, acrescentando que a vítima sofreu "falência orgânica severa depois de danos graves no seu corpo e cérebro".

A mulher e um amigo, que ainda não foi identificado, regressavam do cinema num autocarro em Nova Deli, na noite de 16 de dezembro, quando foram atacados por seis homens, que despiram os dois, violaram a jovem e atiraram ambos do autocarro, segundo a polícia.

A polícia indiana deteve entretanto seis pessoas por suspeita de envolvimento no ataque, que deixou a jovem com graves ferimentos internos, uma infeção pulmonar e danos cerebrais.

O embaixador da Índia, T.C.A. Raghavan, disse aos jornalistas que os ferimentos eram "muito graves" e acabaram por se revelar "demasiado". Acrescentou que as autoridades estão a fazer preparativos para transferir o corpo da jovem para a Índia ainda hoje.

A violação desta jovem de 23 anos gerou uma onda de protestos na Índia, que se intensificaram com a notícia da morte. Hoje, o primeiro-ministro indiano, Manmohan Singh, disse estar profundamente triste com a morte da jovem, esperando que este caso inspire uma transformação da Índia num local seguro para as mulheres viverem.  

O martírio da jovem galvanizou os indianos, com manifestações quase diárias a exigir mais proteção de violência sexual, dos apalpões às violações, que afecta milhares de mulheres todos os dias mas que não é denunciada.
O ataque pôs em destaque as atitudes da sociedade e da polícia em relação às mulheres na Índia. Manifestantes em Nova Deli reclamaram mais protecção para as mulheres e punição mais severa para os violadores.
   

01 novembro 2012

P'rà sopa dos pobres - Rita Rato


Grande mulher, esta Rita Rato! Ainda há vozes que defendem a democracia e a justiça social, contra os incompetentes e corruptos que nos governam.

27 outubro 2012

Eu já vivi num país assim e não gostei - Isabel do Carmo

Eu também vivi no país assim ... e não gostei! E vós, meus amigos e amigas, gostaríeis de viver num país assim?
Deana Barroqueiro



ISABEL DO CARMO

O primeiro-ministro anunciou que íamos empobrecer, com aquele desígnio de falar "verdade", que consiste na banalização do mal, para que nos resignemos mais suavemente. Ao lado, uma espécie de contabilista a nível nacional diz-nos, como é hábito nos contabilistas, que as contas são difíceis de perceber, mas que os números são crus. Os agiotas batem à porta e eles afinal até são amigos dos agiotas. Que não tivéssemos caído na asneira de empenhar os brincos, os anéis e as pulseiras para comprar a máquina de lavar alemã. E agora as jóias não valem nada. Mas o vendedor prometeu-nos que... Não interessa.
Vamos empobrecer. Já vivi num país assim. Um país onde os "remediados" só compravam fruta para as crianças e os pomares estavam rodeados de muros encimados por vidros de garrafa partidos, onde as crianças mais pobres se espetavam, se tentassem ir às árvores. Um país onde se ia ao talho comprar um bife que se pedia "mais tenrinho" para os mais pequenos, onde convinha que o peixe não cheirasse "a fénico". Não, não era a "alimentação mediterrânica", nos meios industriais e no interior isolado, era a sobrevivência.
Na terra onde nasci, os operários corticeiros, quando adoeciam ou deixavam de trabalhar vinham para a rua pedir esmola (como é que vão fazer agora os desempregados de "longa" duração, ou seja, ao fim de um ano e meio?). Nessa mesma terra deambulavam também pela rua os operários e operárias que o sempre branqueado Alfredo da Silva e seus descendentes punham na rua nos "balões" ("Olha, hoje houve um ' balão' na Cuf, coitados!"). Nesse país, os pobres espreitavam pelos portões da quinta dos Patiño e de outros, para ver "como é que elas iam vestidas".
Nesse país morriam muitos recém-nascidos e muitas mães durante o parto e após o parto. Mas havia a "obra das Mães" e fazia-se anualmente "o berço" nos liceus femininos onde se colocavam camisinhas, casaquinhos e demais enxoval, com laçarotes, tules e rendas e o mais premiado e os outros eram entregues a famílias pobres bem- comportadas (o que incluía, é óbvio, casamento pela Igreja).
Na terra onde nasci e vivi, o hospital estava entregue à Misericórdia. Nesse, como em todos os das Misericórdias, o provedor decidia em absoluto os desígnios do hospital. Era um senhor rural e arcaico, vestido de samarra, evidentemente não médico, que escolhia no catálogo os aparelhos de fisioterapia, contratava as religiosas e os médicos, atendia os pedidos dos administrativos ("Ó senhor provedor, preciso de comprar sapatos para o meu filho"). As pessoas iam à "Caixa", que dependia do regime de trabalho (ainda hoje quase 40 anos depois muitos pensam que é assim), iam aos hospitais e pagavam de acordo com o escalão. E tudo dependia da Assistência. O nome diz tudo. Andavam desdentadas, os abcessos dentários transformavam-se em grandes massas destinadas a operação e a serem focos de septicemia, as listas de cirurgia eram arbitrárias. As enfermarias dos hospitais estavam cheias de doentes com cirroses provocadas por muito vinho e pouca proteína. E generalizadamente o vinho era barato e uma "boa zurrapa".
E todos por todo o lado pediam "um jeitinho", "um empenhozinho", "um padrinho", "depois dou-lhe qualquer coisinha", "olhe que no Natal não me esqueço de si" e procuravam "conhecer lá alguém".
Na província, alguns, poucos, tinham acesso às primeiras letras (e últimas) através de regentes escolares, que elas próprias só tinham a quarta classe. Também na província não havia livrarias (abençoadas bibliotecas itinerantes da Gulbenkian), nem teatro, nem cinema.
Aos meninos e meninas dos poucos liceus (aquilo é que eram elites!) era recomendado não se darem com os das escolas técnicas. E a uma rapariga do liceu caía muito mal namorar alguém dessa outra casta. Para tratar uma mulher havia um léxico hierárquico: você, ó; tiazinha; senhora (Maria); dona; senhora dona e... supremo desígnio - Madame.
Os funcionários públicos eram tratados depreciativamente por "mangas-de-alpaca" porque usavam duas meias mangas com elásticos no punho e no cotovelo a proteger as mangas do casaco.
Eu vivi nesse país e não gostei. E com tudo isto, só falei de pobreza, não falei de ditadura. É que uma casa bem com a outra. A pobreza generalizada e prolongada necessita de ditadura. Seja em África, seja na América Latina dos anos 60 e 70 do século XX, seja na China, seja na Birmânia, seja em Portugal.

Raptado do blogue Queridas Bibliotecas de José Fanha

09 julho 2012

Execução pública de uma mulher cerca de Cabul


O Regresso à barbárie islâmica fundamentalista



Uma mulher, suspeita de adultério, mas sem direito a julgamento ou sequer a ser ouvida,  é executada publicamente a tiro num povoado próximo de Cabul,  mostrando que pouco mudou em relação à condição feminina no Afeganistão, após dez anos de presença internacional.

Num pequeno povoado da província de Parwan, dezenas de homens, sentados no chão ou nos telhados das casas, observam a mulher coberta por um véu. A acusada, sentada no chão empoeirado, ouve  a sentença de morte sem esboçar um gesto.

"Esta mulher, filha de Sar Gul, irmã de Mustafá e esposa de Juma Jan, fugiu com Zemarai. Não a viram no povoado durante mais ou menos um mês", enuncia um homem, aparentemente um juiz, com barba longa e negra. Em seguida cita versículos do Corão que condenam o adultério.
"Mas, por sorte, os mujahedines prenderam-na. Não podemos perdoar-lhe. Juma Jan, seu marido, tem o direito de a matar".

Um homem vestido de branco recebe uma espingarda e vai postar por trás da acusada. Ao grito de "Alá akbar" (Deus é grande), o homem dispara duas vezes na direção da mulher, errando o alvo. A terceira bala atinge a cabeça da vítima, que cai por terra, o que não impede o marido de disparar mais dez vezes (por ódio ou vingança?).

Entre os presentes, apenas homens, uns aplaudem, alguns gravam a cena com seus telemóveis.

Segundo a versão oficial, Najiba, de 22 anos, foi detida pelos talibãs por ter mantido "relações" (extra-conjugais), forçadas por violação ou consentidas, com um comandante talibã rival do distrito de Shiwari, também em Parwan. A mulher foi torturada e condenada à morte. Porém,  este acto bárbaro parece ser afinal um ajuste de contas entre duas facções rivais. Ela foi apenas o bode espiatório, por ser indefesa.

O ministério do Interior afegão condenou com firmeza o que chamou de "acto anti-islâmico e desumano cometido por assassinos profissionais".

Todos os meses são registrados crimes odiosos contra mulheres no Afeganistão, principalmente nas zonas rurais, que ainda se regem pelas tradições e a sharia.

Segundo a organização não-governamental Oxfam, 87% das afegãs afirmam ter sido submetidas a violências físicas, sexuais ou psicológicas, ou a um casamento forçado.

Najiba, de 22 anos, foi morta como um cão no terreno pedregoso da vila, porque a valia da mulher para o fanatismo islâmico é inferior à de qualquer animal, podendo ser morta do modo que nos revoltaria e causaria movimentos de solidariedade por todo o lado, se o víssemos fazer na Europa a uma cadela.
Contudo, estas mortes, violações e casamentos forçados não parecem incomodar a opinião pública muçulmana.

Alguma vez chegará a Primavera Árabe às mulheres dos países islâmicos?
Duvido!

(Este artigo tem por base uma notícia do Tribuna Hoje)

05 julho 2012

Serpente, alma e líbido



Klimt - Serpentes Aquáticas
No mundo diurno, a serpente surge como um fantasma palpável, mas que desliza entre os dedos, da mesma forma que através do tempo e do espaço mensuráveis e das regras do raciocínio para se refugiar no mundo subterrâneo, donde provém e onde a imaginamos, intemporal, permanente e imóvel na sua completude.

Veloz como o relâmpago, a serpente visível surge sempre de uma abertura escura, fenda ou racha, para cuspir a morte ou a vida antes de voltar para o invisível.
Ou então abandona esta aparência masculina para se tornar feminina: enrola-se, enlaça, aperta, sufoca, engole, digere e dorme. Esta serpente fêmea é a invisível serpente-princípio que reside nas camadas profundas da consciência e nas camadas profundas da terra. É enigmática, secreta, não se pode prever as suas decisões, repentinas como as suas metamorfoses. Brinca com os sexos como com todos os contrários; é fêmea e macho, gémea em si mesma, como muitos deuses criadores que são sempre, na sua primeira representação, serpentes cósmicas.

A serpente visível só aparece como breve encarnação de uma Grande Serpente Invisível, causal e atemporal, senhora do princípio vital e de todas as forças da natureza. É um velho deus primordial que encontramos no ponto de partida de todas as cosmogeneses. É o que anima e o que mantém. No plano humano, é o duplo símbolo da alma e da líbido.

Dicionário dos Símbolos - Jean Chgevalier e Alain Gheerbrant

Reedição


Tentação da Serpente é uma reedição de O Romance da Bíblia, publicado em 2010, onde pretendi fazer, partindo dos estereótipos do Antigo Testamento, uma saga histórica, mas também poética, sensual, irónica e dramática das mulheres da Antiguidade, que viviam confinadas nas tendas de pastores nómadas ou nos haréns e serralhos dos palácios dos faraós do Egipto ou dos reis da Pérsia e Mesopotâmia, cujos ambientes são recriados com o maior rigor a partir de uma cuidada pesquisa em documentos da época e em obras de História das civilizações pré-clássicas.

Devido aos problemas causados pela distribuidora Sodilivros, que são do conhecimento público, os exemplares de "O Romance da Bíblia" foram retirados do mercado e substituídos por esta nova edição - com um título que retrata melhor o tema e a intenção da obra do que o anterior - que foi entregue a outra distribuidora para poder chegar aos meus leitores de todo o país.

Nota: Tentação da Serpente apenas difere de O Romance da Bíblia no título e capa.

15 junho 2012

Reconhecimento


Foi uma honra ter o meu conto "Os Langores de Holofernes" analisado pela Professora Lyslei de Nascimento, da Universidade Federal de Minas Gerais, Brasil, na sua palestra "Crime e redenção: mulheres que matam", no I Congresso de Cultura Lusófona Contemporânea, realizado em Portalegre, nos dias 11 e 12 de Junho.
"O Romance da Bíblia" está a ser objecto de estudo de uma tese de Mestrado na Universidade de Minas Gerais, Brasil; O Navegador da Passagem serviu  de objecto de estudo e tradução na Universidade de Bolonha/Forli, em Itália.
É engraçado ver as minhas obras como estudo nas universidades estrangeiras e ser praticamente ignorada pelos Media portugueses.

PORTALEGRE ACOLHE CONGRESSO DE CULTURA LUSÓFONA CONTEMPORÂNEA

A Escola Superior de Educação de Portalegre acolheu nos dias 11 e 12 de Junho, o I Congresso Internacional de Cultura Lusófona Contemporânea. Uma iniciativa promovida por este estabelecimento de ensino em parceria com Universidade Federal de Juiz de Fora (Brasil) , que tem por objectivo instituir-se como um espaço de discussão e reflexão em torno das questões de género nas literaturas de expressão portuguesa contemporâneas, nomeadamente no que à autoria e às representações literárias do feminino diz respeito.

A conferência de abertura foi da responsabilidade da escritora portuguesa Maria Teresa Horta.
Ainda no Congresso, foi exibido o filme português "Florbela", inspirado na vida e obra de Florbela Espanca, no dia 11, pelas 21.30, no auditório da ESEP e que, no final, contou com um debate com a presença do realizador Vicente do Ó.
Destaque ainda para a Feira do Livro que decorreu nos dias 11 e 12 na ESEP, aberta a toda a comunidade, e para a exposição de pintura que estará patente na Biblioteca Municipal.

O Congresso teve lugar nos dias 11 e 12 de junho de 2012, sendo subordinado aos seguintes subtemas:

1. Literatura e autoria feminina: vozes, percursos e modos de ver o mundo
2. Texto, género e linguagem: as potenciais marcas do feminino
3. Modalidades de escrita no feminino: diários ficcionais e narrativas epistolares
4. Representações da mulher na literatura de autoria masculina ou feminina: a (des)construção do estereótipo
5. Sujeitos textuais e construção da identidade feminina: auto-perceção e (in)aceitação de si; corpo: totalidade e fragmentação
6. Identidade feminina e alteridade: a poética do (des)encontro
7. Representações da mulher no Cinema e outras Artes: a (re)configuração do cânone e da identidade.

Patrícia Azevedo (FER TV JORNAL)

28 fevereiro 2012

"O Sacrifício dos Circuncisos" na Arquivo Maaravi

A propósito do meu "Romance da Bíblia", foi publicado o texto O Sacrifício dos Circuncisos no Arquivo Maaravi - a Revista Digital de Estudos Judaicos da Universidade Federal de Minas Gerais - Brasil, que podem ler AQUI

03 janeiro 2012

Vera Helena Sopa recomenda esta obra

A minha opinião:
O romance é uma reedição de outras duas obras da autora sobre lendas, parábolas e histórias do Antigo Testamento, com as suas personagens sacralizadas, mas escrutinadas do ponto de vista feminino e focando a condição da mulher. Foi esta a razão porque me interessei por ler este livro.
Assim, descobri um romance sensual, erótico, poético e muito violento, sobre uma época em que a falta de ética e moral originava um tremendo sofrimento e luta constante pela sobrevivência e integridade.
Não é possível o distanciamento, porque existe a clara noção de que não se trata de mera ficção, porque sabemos que esta obra é resultado de uma apurada pesquisa e investigação sobre o que existe documentado.
As mulheres eram propriedades, adquiridas por contrato, um bem que se dá, se troca ou se vende, segundo o interesse da família. Não eram consultadas ou ouvidas sobre os seus sentimentos e as suas vontades e o seu destino era consoante outros o designassem. Ora uma maldição, ora uma bênção, conforme a sua beleza, sagacidade, ou sorte.
Por tudo isto, penso que este livro é realmente de interesse colectivo. Absolutamente.

Publicado no blogue Ler, um prazer adquirido

Crítica de Inês Montenegro

Opinião:
Deana Barroqueiro pegou nas passagens do Antigo Testamento em que a mulher tem – ou deveria ter – um lugar de destaque e desenvolveu-as neste livro com uma escrita aprazível e sensual, pormenorizando o que já de si era uma mistura de lendas com factos e inserindo-lhes ainda um factor de ficção e de romance histórico.
No conjunto, ficamos com um enredo que tanto pode ser encarado como contínuo, como um conjunto de contos, capaz de nos despertar emoções variadas – embora, por minha parte, a indignação pelo que a maioria das mulheres retratadas tinham de acatar fosse aquele que mais predominou.
Desengane-se quem espera querelas religiosas ou romances de cordel. Belas, práticas, melífluas, ciumentas, espertas, enganadoras, justas, injustas, sapientes, invejosas ou inocentes, todas estas mulheres têm em comum uma personalidade forte e vincada que se torna no centro do enredo.
Sem dúvida recomendado, mas algo que se deverá ler com calma, sem pressas ou divagações.
Ver mais no Blogue Tales of Gondwana