Romance: Tentação da Serpente


Um olhar feminino sobre o Antigo Testamento.
Uma história de mulheres, para mulheres, de que os homens também gostam.

"Tentação da Serpente" é uma reedição de "O Romance da Bíblia", publicado em 2010.

23 dezembro 2014

Mulher saudita detida na fronteira por conduzir um carro

 mulheres dirigir arábia saudita

Uma condutora saudita proveniente dos Emirados Árabes Unidos foi hoje detida, depois de ter ficado 24 horas na fronteira, onde lhe foi recusado o direito de seguir ao volante do seu carro, indicaram ativistas.

A Arábia Saudita é o único país do mundo onde as mulheres não podem conduzir.
"Estou na fronteira há 24 horas. Não querem devolver-me o passaporte, nem deixar-me passar", afirmou Loujain Hathloul no Twitter.

Ativistas dos direitos das mulheres indicaram depois que foi detida, mas o Ministério do Interior não deu qualquer informação sobre o assunto.

Uma jornalista saudita que trabalha nos Emirados foi à fronteira para ajudar a sua compatriota, mas foi também detida, disse à Agência France Presse um outro ativista, acrescentando que as duas mulheres foram levadas para um posto da polícia.

Em outubro, dezenas de mulheres divulgaram fotos suas ao volante de veículos, no âmbito de uma campanha a favor do direito das mulheres sauditas a conduzirem, mas o Ministério do Interior avisou que aplicaria as "normas contra quem contribua (...) para violar a coesão social".

Desiguldade de género na Turquia - inspiração divina!

Presidente turco diz que é “contranatura” colocar homens e mulheres em pé de igualdade

Recep Tayyip Erdoğan defendeu numa convenção que a igualdade entre homens e mulheres não é natural e desferiu um golpe contra as femininistas por, na sua opinião, rejeitarem o conceito de maternidade.
Esta não é a primeira vez que Recep Tayyip Erdoğan faz comentários polémicos sobre a condição feminina
JUSTIN LANE/EPA


“Não se pode colocar homens e mulheres em pé de igualdade. É contranatura. Eles foram criados de forma diferente. A sua natureza é diferente. A sua constituição é diferente”. Foi o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdoğan, quem o disse num encontro em Istambul, onde promoveu a noção de “equivalência”, por oposição a “igualdade”, tendo em conta a relação das mulheres com a justiça, diz o Telegraph.

As declarações surgiram na sequência da convenção Women and Justice (Mulheres e Justiça, em português), organizada por grupos que lutam pela igualdade de género. Perante uma audiência de várias mulheres, incluindo a filha, Erdoğan argumentou que o sexo feminino não pode fazer o mesmo trabalho que os homens, por possuir uma “natureza delicada”, e que as mães gozam de uma posição privilegiada na sociedade — estatuto esse que diz não ser “aceite” pelas feministas.

No que à condição feminina diz respeito, Erdoğan tem sido criticado por ter dito recentemente que todas as mulheres turcas deveriam ter três filhos, além de propor limitações no acesso ao aborto, pílula do dia seguinte e cesarianas, acrescenta o Independent. O certo é que esta não é a primeira vez que presta declarações polémicas em público — ainda este mês, Erdoğan referiu que os muçulmanos tinham descoberto a América antes de Cristóvão Colombo.

Diferenças salariais, distribuição no trabalho, tráfico de seres humanos e violência doméstica são alguns dos temas em debate na convenção Women and Justice, com a duração de dois dias. Entre os muitos oradores no evento contam-se cargos altos das Nações Unidas, ativistas, académicos, jornalistas e empresárias.

16 novembro 2014

Igualdade de direitos no Islão?

Não sei de que país estava a falar o sheikh David Munir, imã da mesquita de Lisboa, quando numa mesa redonda do Diáspora - Festival Literário de Belmonte, afirmou que as mulheres muçulmanas tinham os mesmos direitos dos homens ou até mais e que eram respeitadas e felicíssimas com a sua condição. Até chegavam a ministras!

 Este filme, que nada tem de panfletário prova o contrário e que o sheikh pretendeu fazer um branqueamento da violência do Islão sobre as mulheres.

"Wadjda, 10 anos, vive num subúrbio de Riade. Quando vê uma linda bicicleta à venda, decide arranjar dinheiro para comprá-la. Mas a mãe receia as repercussões de uma sociedade que vê as bicicletas como algo perigoso para a virtude de uma menina."

06 novembro 2014

Casal cristão é espancado até a morte no Paquistão por "blasfêmia"

Rage, grief after killing of Christian couple Um casal cristão foi espancado até a morte por uma multidão enraivecida no Paquistão depois de terem sido acusados de profanar o Alcorão (o livro sagrado dos muçulmanos).

De acordo com a polícia local, eles foram linchados sob a acusação de profanar o Alcorão, o livro sagrado do islamismo
  
A polícia paquistanesa deteve 43 pessoas por envolvimento na morte, por espancamento, de um casal cristão acusado de profanar um exemplar do Corão no noroeste do Paquistão. 
  
Os detidos vivem na localidade de Kot Radha Kishan, na província do Punjab, onde ocorreram as mortes, na terça-feira, numa fábrica de tijolos, em cujo forno foram queimados os corpos, referiu um porta-voz da polícia, Bin Yameen. 
O porta-voz adiantou que a polícia procura o responsável da fábrica pelo seu presumível envolvimento no ataque ao casal, levado a cabo por "um grande número" de pessoas.


O Paquistão possui uma controversa legislação anti-blasfémia que castiga qualquer desprezo contra os símbolos sagrados do Islão e que é muitas vezes aplicada de forma arbitrária.


Incidentes envolvendo acusações de blasfémia, muitas vezes com atos de violência perpetrados por multidões, são frequentes no Paquistão, país onde 97% da população é muçulmana.
  ENGLISH
 Islamabad, Pakistan (CNN) -- Pakistani police say they have arrested up to 40 people in connection with the killing of a Christian couple in Punjab province who were beaten, then pushed into a burning kiln after being accused of desecrating the Quran.
Local police officials said a mob from neighboring villages formed Tuesday after a local mullah declared the couple were guilty of blasphemy.
The mob allegedly marched to the couple's home, broke down their door, dragged them outside, beat them and threw them into the brick kiln where they both worked.
The attack happened in the town of Kot Radha Kishan, about 60 kilometers (37 miles) southwest of Lahore, the capital of Punjab. Police officials identified the woman as Shyman Bibi Urf Shamar, and her husband as Sajjad Nasir Zurjah Nazir Nasir.

Rage, grief after killing of Christian couple
 
The Human Rights Commission of Pakistan (HRCP), which dispatched a team to the scene, said in a statement that the couple had three young children -- two sons and a daughter, and indicated the slain woman was pregnant. HRCP is shocked and saddened beyond words by the callous murder of the couple and their unborn child.


Human Rights Commission of Pakistan "HRCP is shocked and saddened beyond words by the callous murder of the couple and their unborn child," the group said.
According to the statement, the HRCP team "did not come across any evidence of desecration of the Holy Quran."


Desecration of the Quran is punishable by death or life imprisonment under Pakistan's anti-blasphemy law.
Human rights groups have long urged the country to repeal the law, arguing that it has led to discrimination, persecution and murder.
It is often used to settle personal vendettas, rights groups say, and people accused of the committing the crime are frequently targeted by mob violence.


That, according to the HRCP, appeared to be the situation in Kot Radha Kishan, and that the incident stemmed with a dispute over money the kiln's owners said the couple owed them.
An accusation that the couple had desecrated the Quran "was spread to nearby villages and announcements [were] made through mosque loudspeakers," the HRCP said.


The mob that went to the kiln was estimated at around 500 people, the rights group said, citing local police.
The HRCP said its team learned that four policemen went to the kiln to demand that the couple be handed over for protection from the mob, but that the owners "instructed their employees not to hand the couple over and the policemen were also beaten up."
The kiln's owners were among those arrested, the rights group said, quoting police.

30 outubro 2014

Russo colecionava cadáveres de crianças que vestia de bonecas

As autoridades russas divulgaram imagens feitas durante a detenção de um homem que coleccionava cadáveres de crianças. O russo, de 46 anos, tinha um banco de dados com diversas informações sobre a vida das crianças e foram encontrados vídeos em que Anatoly Moskvin registou as festas de aniversário que organizava com as suas "bonecas". Peritos ouvidos em tribunal retrataram-no como um génio. Historiador e poliglota, fala 13 línguas e foi esta semana considerado incapaz para ir a julgamento. Vai permanecer na instituição psiquiátrica, onde se encontra internado desde a descoberta macabra, em 2011. As imagens podem ferir susceptibilidades.
   http://sicnoticias.sapo.pt/mundo/2014-10-28-Russo-colecionava-cadaveres-de-criancas-que-vestia-de-bonecas

06 outubro 2014

A Barbárie do "Estado Islâmico"

Militantes do Estado Islâmico executaram publicamente, em Mosul, no Iraque, a activista local de direitos humanos Samira Saleh al-Nuaimi, acusada de apostasia, relata a Associated Press.
 
Samira Saleh al-Nuaimi, advogada e activista do Bahrain Center for Human Rights

Samira Saleh al-Nuaimi, advogada e activista do Gulf Centre for Human Rights (GCHR), foi acusada pelos militantes de enviar mensagens através da sua conta Facebook, criticando as acções dos islamitas – em particular, a destruição de locais religiosos.

De acordo com o GCHR, a proeminente ativista iraquiana foi sequestrada em casa, a 17 de setembro, após a publicação no Facebook de críticas contra as ações dos extremistas do Estado Islâmico.
De acordo com a missão da ONU no Iraque, Samira Salih al-Nuaimi foi torturada durante cinco dias, após o que um auto-proclamado tribunal  condenou a activista à execução pública.
Os pais foram informados na terça-feira de que o corpo da filha estava no necrotério de Mosul, relatou um vizinho do casal, que falou sob anonimato.

“Quando a família perguntou aos militantes o que Samira tinha feito para merecer a tortura e execução pública, disseram-lhes que ela devia ter-se arrependido por postar comentários no Facebook a denunciar a destruição de santuários pelo EI”, acrescentou o vizinho.

O Estado Islâmico defende um retorno às origens do Islão e já destruiu vários templos muçulmanos – aos quais se soma agora a destruição da vida de Samira Saleh al-Nuaimi.

05 outubro 2014

Quem financia o "Estado Islâmico"? A quem serve esta barbárie?

Britânico raptado em dezembro decapitado pelos jihadistas

Os jihadistas do Estado Islâmico decapitaram mais um cidadão estrangeiro. Desta vez, a vítima foi o  britânico Alan Henning, voluntário de uma organização humanitária e que tinha sido raptado na Síria em dezembro do ano passado.

 http://www.rtp.pt/noticias/index.php?article=771626&tm=7&layout=122&visual=61&source=mail

Quem lhes fornece armas e dinheiro aos fanáticos do auto-nomeado Estado Islâmico? Quem lucra com a mortandade de populações inteiras, por conta da religião ou da etnia?

Os países muçulmanos, seus vizinhos, têm interesses opostos, conforme são xiitas, sunitas ou alauítas e parecem esperar que o grupo da sua cor saia vencedor, destruindo o outro.


13 setembro 2014

A Jihad dos jovens sem ideais nem valores


A filha de 19 anos de um casal alentejano fugiu para a Síria no início do mês e casou-se com um guerrilheiro do Estado Islâmico, também ele português. Os pais só sabem dela através do Facebook. Na semana em que os jihadistas decapitaram mais um jornalistas norte-americano, o Expresso recupera um artigo publicado na edição de 30 de agosto do semanário.



Raquel Moleiro e Hugo Franco |
11:19 Quarta feira, 3 de setembro de 2014
A NOIVA PORTUGUESA DA JIHAD
Em Menbij, no nordeste da Síria, junto à fronteira com a Turquia, ninguém a conhece por Ângela. Ali chama-se Umm. O marido também não é Fábio. É Abdu. Ele cresceu na linha de Sintra, nos arredores de Lisboa. Ela na Holanda, para onde os pais alentejanos emigraram. Ele já está na Síria há mais de um ano. É jihadista, combatente nas fileiras do exército radical do Estado Islâmico (EI). Ela chegou lá este mês. Nunca se tinham visto, mas já estavam noivos há vários meses no Facebook. Através da rede social partilharam radicalismos e ambições de vida: são ambos muçulmanos convertidos, extremistas, defensores do califado islâmico, adversários do Ocidente e dos países "infiéis". E são ambos portugueses. 

Em três anos, a guerra síria atraiu cerca de 2800 combatentes estrangeiros. Nos últimos meses começaram a chegar as noivas da guerra santa. Em Al-Bab, a norte de Alepo, os rebeldes abriram em julho um posto onde se registam as mulheres solteiras e viúvas que querem casar com os mujahedin. A notícia foi avançada pela agência Reuters, mas Ângela, 19 anos, não precisou dessa informação. Como qualquer adolescente combinou tudo pela internet. Fugiu a 9 de agosto, casou a 10.

Nas fotos, Umm surge de niqab, um véu preto que lhe cobre o rosto, só deixando de fora os olhos escuros. No estado civil lê-se: casada. O pai não sabe bem o que pensar, o que dizer. Quando o Expresso falou com ele tinham passado poucas horas desde que a ex-mulher lhe contara da fuga, da Síria, do casamento. A internet estava agora a confirmar o que lhe parece "inacreditável, irreal".

Os pais de Ângela estão separados. O pai vive no Alentejo, onde nasceu. Ela morava com a mãe e a irmã mais nova nos arredores de Utrecht, na Holanda, para onde o casal tinha emigrado há largos anos. "No fim de semana em que fugiu a mãe tinha ido à Bélgica. Ela ficou em casa sozinha, o que era absolutamente normal. Ninguém suspeitou de nada. Porventura já estava tudo combinado há muito tempo. Já lá falou com a mãe pela internet a contar o que tinha feito. Que nojo. Nem sei com quem casou, não sei nada".

Fábio é um dos dez radicais islâmicos portugueses monitorizados por suspeita de atividade terrorista, e um dos mais ativos, na rede e na guerra. A família tem raízes em Benguela (Angola), mas ele nasceu e cresceu nos subúrbios de Lisboa, onde a mãe ainda vive. Apaixonado por futebol, emigrou para os arredores de Londres, converteu-se ao islamismo e desde outubro de 2013 que combate na Síria contra o regime de Bashar al-Assad.
 
A história de Ângela é contada pelo pai : "Tornou-se muçulmana radical há cerca de um ano, foi tudo extremamente rápido. Por isso é que fiquei surpreendido, não consigo entender". Nasceu na Holanda, numa família de tradição católica mas não praticante. (...) Era uma miúda liberal em todos os sentidos: fumava, gostava de se divertir, de beber uma cerveja ou duas ou três. Era sociável, não tinha nada a ver com burqas, com os fatos dessas loucas. De um momento para o outro começou com estas ideias".

Ângela estava desempregada. "Não quis estudar. A mãe tentou tudo, escolas especiais mas nunca chegou a bom porto. Ela só queria computador, computador, computador". No computador era Umm, fundadora e administradora do grupo Islão no Coração (assim mesmo em português - entretanto desativado), defensora acérrima da guerra santa na Síria e no Iraque e frequentadora de vários grupos radicais islâmicos holandeses e ingleses. Por tudo isto começou então a ser monitorizada pela secreta portuguesa. Identificava-se como alentejana, e foi assim que, em maio, o Expresso a descobriu na rede e falou com ela. 

"Os jihadistas estão na Síria e no Iraque para que o regime não mate todo um povo. A Jihad é uma coisa boa, não é má como dizem na televisão", justificou por telefone.
A decisão (de fugir e casar na Síria) foi comunicada já em solo sírio, num cibercafé. "Alhamdoulilah, cheguei em segurança ao Sham [grande Síria]. Irmãs, não hesitem. Sinto-me tão bem, como se tivesse sempre vivido aqui, sinto-me em casa. Insha'Allah, Alá irá reunir-nos a todos em breve!".

O pai leu todos os posts das páginas de Ângela e de Fábio à procura de informações e explicações. Em nenhum lado se lê como a filha chegou ali, mas a pausa declarada por Abdu no início do mês - "há 30 dias sob disfarce, a frente de guerra espera por mim" - poderá indicar que o jihadista português foi buscar a noiva algures no caminho que a levou da Holanda à Turquia e depois à Síria.

Ângela e Fábio moram numa zona residencial, juntamente com vários casais ocidentais, da Holanda, Inglaterra e Alemanha. "Todos aqui vivem sob o estado islâmico, sob as regras do Alcorão e da Sunnah", escreve Umm. As mulheres têm de usar o niqab e só saem de casa com a permissão do marido. "É para nossa segurança. Os homens sabem a que horas os aviões vêm e quando podem cair bombas. Nesses dias é melhor ficar em casa", explica a uma amiga que vive na Holanda e que lhe pergunta sobre as restrições impostas às mulheres.
"Os media criam a ideia de que se vive no meio de uma guerra, mas não é tão inseguro como dizem. É verdade que às vezes cai uma bomba, mas não se sente medo. E se a bomba tiver escrito o nosso nome, tornamo-nos mártires, Insha'Allah". 

O pai de Ângela recorda as últimas conversas com a filha, diálogos meio crispados, opostos. "Às vezes ficava mesmo revoltado. Sabendo o que se está a passar na Síria, o genocídio praticado por esses radicais que querem acabar com os cristãos, os vídeos que vi no YouTube a matarem pessoas, a queimá-las vivas, e ela a defender tudo, a justificar". 

O radicalismo de Umm mantém-se. No dia 22, publicou nas redes sociais a fotografia tirada antes da decapitação do repórter James Foley, e escreveu: "Para aqueles que dizem que era um jornalista, supostamente inofensivo, ele não era mais do que um soldado americano que mata o nosso povo. Quantas pessoas foram mortas por este tipo de palavras? São mortes inúteis? Uma morte americana fica muitos milhares atrás de quanto eles nos têm matado". Noutro post comenta os placards publicitários, que ali enaltecem a luta do Estado Islâmico: "Quem vai ganhar? Os nossos outdoors ou aquelas mulheres seminuas a vender desodorizantes?"

Quatro portugueses no EI

Ângela comenta a Jihad nas redes sociais, Fábio vai para a frente de combate. Fonte ligada aos serviços de informação portugueses coloca-o na brigada Kataub al Muhajireen do EI, constituída apenas por combatentes de países ocidentais, como a Grã-Bretanha, Alemanha, França ou Dinamarca. Ao seu lado há pelo menos mais três portugueses: dois irmãos, de 26 e 30 anos, que como Fábio, cresceram na linha de Sintra; e um jovem de Quarteira, de 28 anos. São amigos no Facebook e irmãos de armas na frente de guerra. Os quatro converteram-se ao islamismo quando estavam emigrados nos arredores de Londres e daí partiram para a Síria. O algarvio terá sido ferido com gravidade nas pernas há alguns meses e ainda não regressou ao combate. Os restantes mantêm-se ativos.

O Sistema de Informações da República Portuguesa (SIRP) confirmou em abril ao Expresso que se encontram "referenciados alguns cidadãos nacionais que integram esses grupos de combatentes", sendo que alguns "detinham um estatuto de residência temporária em outros países europeus, embora apresentem conexões sociais e familiares ao território nacional". O recrutamento é feito "através da Internet" e de "estruturas logísticas formais e informais que atuam à escala regional e global", adiantou a secreta.

Na semana passada, os Estados Unidos consideraram que o Estado Islâmico representa uma ameaça terrorista "para lá" de qualquer outra conhecida até hoje, "junta ideologia, uma estratégia sofisticada, habilidade militar e tática e está tremendamente bem financiado. É preciso estar preparados para tudo". No Facebook, Ângela usa outras palavras para descrever a luta jihadista na Síria, mas o sentido é o mesmo: "Quando olhamos para o cano de uma arma vemos o paraíso, quando um avião sobrevoa as nossas casas estamos prontos para receber a bomba, quando um pai cai mártir o filho está pronto para substituí-lo. Faremos tudo para manter e expandir o nosso estado islâmico. Como se pode ganhar a um povo que não teme a morte?"



18 agosto 2014

15 julho 2014

Morre aos 90 anos a Nobel de Literatura Nadine Gordimer

Uma das principais vozes contra o apartheid, escritora sul-africana lutava contra um cancro no pâncreas desde março e faleceu em sua casa neste domingo

A escritora sul-africana Nadine Gordimer
A escritora sul-africana Nadine Gordimer (Tiziana Fabi)

Morreu neste domingo, aos 90 anos, a escritora sul-africana Nadine Gordimer, Prémio Nobel de Literatura 1991 e ativista contra o regime do apartheid. Segundo membros da família em entrevista ao site da BBC, Nadine faleceu enquanto dormia, em sua própria casa. Ela lutava desde março deste ano contra um cancro no pâncreas.

Ao longo da carreira, Nadine publicou mais de trinta livros, incluindo o romance A História de Meu Filho (1990), Burger's Daughter (1979) e July's People (1982). Em 1974, a escritora ganhou o prémio Man Booker pela obra O Engate. Quando recebeu o Nobel de Literatura, o comitê organizador alegou que o prémio era devido à sua "escrita épica magnífica".

Apartheid – Uma das principais vozes contra o regime do apartheid, Nadine publicou seu primeiro livro em 1949, um ano depois do Partido Nacional chegar ao poder e oficializar a segregação na África do Sul. De forma quase inevitável, sua escrita foi influenciada pelos acontecimentos do país e a injustiça e a opressão do apartheid tornaram-se temas recorrentes na sua obra literária. Três de seus livros sofreram censura do governo, mas mesmo nos momentos mais sombrios do regime, que durou de 1948 a 1994, a escritora recusou-se a deixar a África do Sul.

Ao receber o Nobel, em 1991, Nadine deixou claro que a literatura ainda era sua principal vocação. "Algumas pessoas dizem que me deram o prêmio não pelo que escrevi, mas por minha política. Mas eu sou uma escritora. Essa é minha razão para seguir vivendo", declarou.

Amiga de Nelson Mandela e apoiadora do Congresso Nacional Africano (CNA), partido que lutava pelos direitos dos negros no apartheid, Nadine não se omitiu de criticar Thabo Mbeki, sucessor de Mandela na presidência da África do Sul e um dos líderes da legenda, quando discordou da política sanitária do governante em relação à aids.

Biografia – Nadine Gordimer nasceu em Springs, na África do Sul, em 1923 e escreveu sua primeira história aos 15 anos de idade. Suas narrativas tinham como tema principal o apartheid, o exílio e a alienação. Ela foi casada por duas vezes e deixa dois filhos: Hugo, 59, e Oriane, 64.

12 julho 2014

American Holocaust: When It’s All Over I’ll Still Be Indian (2000)

The powerful and hard-hitting documentary, American Holocaust, is quite possibly the only film that reveals the link between the Nazi holocaust, which claimed at least 6 million Jews, and the American Holocaust which claimed, according to conservative estimates, 19 million Indigenous People.

It is seldom noted anywhere in fact, be it in textbooks or on the internet, that Hitler studied America’s “Indian policy”, and used it as a model for what he termed “the final solution.”

He wasn’t the only one either. It’s not explicitly mentioned in the film, but it’s well known that members of the National Party government in South Africa studied “the American approach” before they introduced the system of racial apartheid, which lasted from 1948 to 1994. Other fascist regimes, for instance, in South and Central America, studied the same policy.

Noted even less frequently, Canada’s “Aboriginal policy” was also closely examined for its psychological properties. America always took the more ‘wide-open’ approach, for example, by decimating the Buffalo to get rid of a primary food source, by introducing pox blankets, and by giving $1 rewards to settlers in return for scalps of Indigenous Men, women, and children, among many, many other horrendous acts. Canada, on the other hand, was more bureaucratic about it. They used what I like to call “the gentleman’s touch”, because instead of extinguishment, Canada sought to “remove the Indian from the Man” and the Women and the Child, through a long-term, and very specific program of internal breakdown and replacement - call it “assimilation”. America had it’s own assimilation program, but Canada was far more technical about it.

Perhaps these points would have been more closely examined in American Holocaust if the film had been completed. The film’s director, Joanelle Romero, says she’s been turned down from all sources of funding since she began putting it together in 1995.

Perhaps it’s just not “good business” to invest in something that tells so much truth? In any event, Romero produced a shortened, 29-minute version of the film in 2001, with the hope of encouraging new funders so she could complete American Holocaust. Eight years on, Romero is still looking for funds.

American Holocaust may never become the 90-minute documentary Romero hoped to create, to help expose the most substantial act of genocide that the world has ever seen… one that continues even as you read these words. - 

28 junho 2014

Conferência sobre a revolução chinesa custa cargo a Sautedé

   Inês Santinhos Gonçalves, Ponto Final, 27 de Junho 2014

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A palestra do historiador Frank Dikötter terá sido a gota de água. Depois disso, Éric Sautedé perdeu o cargo de organizador de eventos académicos.


 Éric Sautedé deixou de ser o responsável pela organização de eventos académicos na Universidade de São José depois de uma palestra com o historiador holandês Frank Dikötter sobre a revolução chinesa.

A conferência foi sugerida por Sautedé e inicialmente aceite pela instituição. A palestra estava marcada para 3 de Abril deste ano, no entanto, o PONTO FINAL sabe que a poucos dias de acontecer, esteve perto de ser cancelada devido a pressões externas – as fontes contactadas pelo PONTO FINAL não foram unânimes na identificação destas pressões. Apesar do impasse, a conferência de Dikötter avançou, já que o convite ao historiador estava feito, tinham sido enviadas as notas de imprensa e seria difícil cancelar o evento em tão pouco tempo. Ainda assim, a promoção à conferência foi suspensa.

A palestra decorreu com normalidade conseguindo atrair público e cobertura jornalística. Contudo, depois da sua realização, o professor Éric Sautedé perdeu o cargo de organizador de eventos académicos.

A palestra de Dikötter centrou-se no seu último livro “A tragédia da libertação” sobre a revolução chinesa. Em Macau, o historiador  holandês defendeu a sua tese de que os primeiros anos do comunismo chinês foram marcados pela violência sistemática. “Mao quebrou todas as suas promessas” e foi assim que conseguiu controlo absoluto, disse. O investigador defendeu que a reforma agrária foi um acto de violência em que a maioria das pessoas foi incitada a denunciar um pequeno grupo de pessoas. “Foi um pacto selado com sangue entre o povo e o partido. A fundação da República Popular da China está escrita em sangue”, afirmou.

Recorde-se que o Presidente Xi Jinping já defendeu que a negação das conquistas da revolução é negar as conquistas do partido comunista chinês.

Até à hora de fecho desta edição, não foi possível chegar à fala com o reitor Peter Stilwell.

26 junho 2014

E a mulher de Éric Sautedé também é castigada?

   Inês Santinhos Gonçalves
PF 3020 capa
A professora Émilie Tran, casada com Éric Sautedé, não vai manter o cargo de directora da faculdade de Administração e Liderança, mas mantém-se como professora da universidade. A possibilidade já tinha sido ontem levantada pelo jornal Macau Daily Times e foi dada como certa por um grupo de alunos da universidade, em carta endereçada à Universidade Católica portuguesa. A não-renovação do seu mandato como directora, a partir de Julho, foi ontem confirmada ao PONTO FINAL. O reitor não confirma.

“Não há nada oficialmente comunicado. Os mandatos dos directores das faculdades são de um ano e estão agora a ser avaliados. A decisão não é minha, é do conselho executivo”, explicou Peter Stilwell. O reitor disse ainda que este tipo de informação deve ser comunicada internamente à universidade e não através dos meios de comunicação social, acrescentando que apesar da “agitação” a situação é “o mais normal possível”.

Além de directora da faculdade, Émilie Tran é coordenadora do departamento de estudos sobre governação (Governance Studies, no original) e tem um doutoramento em China Moderna e Contemporânea, realizando trabalho de investigação sobre o país.

“Circunstâncias locais” ditaram despedimento de Sautedé

Inês Santinhos Gonçalves
“São ossos do ofício”, diz Peter Stilwell. O despedimento do professor Éric Sautedé foi ontem justificado pelo reitor em comunicado aos restantes trabalhadores e alunos da Universidade de São José (USJ). Stilwell volta a falar da defesa da percepção pública da universidade e afirma que a decisão está intimamente ligada às características da China e de Macau e à relação que têm com a Igreja.

“Como instituição da Igreja, uma universidade católica deve ser clara nas suas posições. Tem de respeitar a autonomia da esfera política, se espera que a espera política respeite a autonomia académica”, diz. Com excepção de certas “situações limite”, não intervir é a norma, sublinha.

Para o reitor, é ténue a linha que divide a responsabilidade institucional e o respeito pela convicção pessoal. “Quando é que um funcionário de uma instituição como a USJ, no exercício das suas legítimas opções como cidadão, começa a alterar significativamente a percepção da identidade e opções dos restantes funcionários, da instituição ou até da Igreja como um todo? É difícil dizer”, avança. Estas situações, que tanto têm que ver com percepção, “são obviamente condicionadas por circunstâncias locais”. “O que é normal e institucionalmente irrelevante na Europa ou nos Estados Unidos, por exemplo, não o é necessariamente na China”, diz o reitor.

As questões financeiras pesaram, admite Stilwell, mas foram “uma perturbação menor”. A imagem foi o valor supremo: “Como é que uma universidade católica se posiciona em Macau de modo a manter-se fiel a uma tradição de 400 anos de valores humanistas, e é percepcionada dessa forma pela comunidade local – e não como um porto de abrigo para interesses estrangeiros ou lutas políticas?”.

Peter Stilwell salienta novamente que a decisão de despedir Sautedé foi sua e que o académico não teve qualquer culpa, “excepto de se manter fiel às suas convicções”. O reitor lembra ainda que o professor não foi sujeito a nenhum processo disciplinar.

25 junho 2014

Sudanesa cristã condenada à morte foi libertada (ou não?)


 A barbárie dos fanáticos muçulmanos: Segundo ouvi hoje, no noticiário da TV, o casal foi preso de novo mal saiu da prisão.
 

Meriam Yeha Ibrahim, a sudanesa condenada à morte por enforcamento num caso que chocou o mundo quando esta deu à luz na prisão, foi hoje libertada por decisão de um tribunal de recurso sudanês. 


O tribunal de recurso responsável pela libertação da sudanesa anulou "o veredito pronunciado pelo tribunal de primeira instância", segundo noticiou a agência oficial SUNA.

Meriam Yeha Ibrahim, cristã ortodoxa de 27 anos, casada com um cristão e acusada pela justiça sudanesa, regida pela lei islâmica (sharia) desde 1983, por adultério em agosto de 2013, por estar em união com um homem que não é muçulmano, foi também acusada de apostasia por se ter afirmado cristã, renunciando à religião do seu país.

A 15 de maio foi condenada a cem chicotadas por adultério e, por apostasia, à morte por enforcamento. Ibrahim foi detida grávida e encontrava-se numa prisão de Cartum com o seu filho de um ano e a filha que deu à luz na prisão a 27 de maio.

O seu advogado, Mohannad Moustafa, um dos quatro advogados que trataram deste processo pro bono, anunciou hoje a sua libertação. Anúncio que recebeu de imediato as felicitações da Amnistia Internacional, uma das organizações defensoras dos direitos humanos que protestou de forma acérrima contra a condenação de Meriam Yeha Ibrahim.

Outro dos advogados, Elshareef Ali, garantiu à BBC que Ibrahim se encontrava já "a caminho de casa". Ali realçou ainda a importância deste processo, que considera "uma vitória para a liberdade religiosa no Sudão."

24 junho 2014

Éric Sautedé perde emprego por intervenção política (ou da Igreja?)

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Censura política ou religiosa?

O professor de Ciência Política Éric Sautedé vai sair da Universidade de São José. O comentário político que o académico faz junto dos meios de comunicação social de Macau desagrada à Universidade, que considera incompatível com os princípios da Igreja – a São José é uma instituição de ensino superior católica.

O afastamento do professor de Ciência Política foi confirmado pelo reitor da universidade, Peter Stilwell: “Trata-se de clarificar as águas. Há um princípio que preside à Igreja de que não intervém no debate político dos locais onde está implementada”.

Segundo explicou o reitor, o contrato de Sautedé, que termina a 12 de Julho, “foi dado como terminado”, não sendo, portanto, renovado. O docente não quis comentar o caso, mas informou que o seu contrato é sem termo e que teria de ter rescindido.

O reitor não esclarece se a universidade recebeu indicações do Governo ou da Igreja para tomar esta decisão, classificando essa informação como “uma questão interna”, mas garantiu que “a decisão é da exclusiva responsabilidade da universidade”.

“Se há um docente com uma linha de investigação e intervenção pública [política], coloca-se uma situação delicada. Ou a reitoria pressiona e viola a sua liberdade, ou cada um segue o seu caminho”, explica Stilwell.

O reitor esclarece ainda que este foi o culminar de um “processo longo em que foi dado a entender ao Dr. Éric que a situação era cada vez mais delicada para a universidade”. O académico não terá, no entanto, alterado a sua postura.

Stilwell não encontra contradição no facto de a universidade leccionar Ciência Política e não admitir debate sobre a governação de Macau. “Pode-se estudar os vários sistemas políticos ou a Lei Básica, mas não intervir na actual governação. É uma fronteira difícil de delinear, entre o comentário político e o académico”, diz. “Falamos de um docente que está há sete anos na universidade, não completou o seu doutoramento e está a colocar a universidade numa situação delicada. Temos de ver o modo como a universidade é percepcionada”, acrescenta.

O PONTO FINAL sabe da existência de pelo menos duas petições de apoio a Éric Sautedé: uma a circular entre os professores da universidade (não é certo se para entregar ao Governo ou à própria direcção da São José) e outra promovida por um grupo de católicos endereçada ao Bispo de Macau, pedindo a sua intervenção.

21 junho 2014

356 mulheres assassinadas entre 2004-2013

356 mulheres foram assassinadas em contexto de violência doméstica “por aqueles com quem um dia pensaram ser felizes”, entre 2004 e 2013, denuncia o Observatório de Mulheres Assassinadas. Só no ano passado foram 37 as mulheres mortas pelos seus “companheiros”.
Este ano de 2014, a conta já vai alta
 
 “É uma realidade que a todos deve envergonhar”. É desta forma que a União de Mulheres Alternativa e Resposta (UMAR), citado pelo Diário de Notícias, descreve o número de homicídios conjugais que se tem verificado nos últimos anos.
 
Entre 2004 e 2013 foram assassinadas, pelos atuais ou antigos companheiros, 356 mulheres. Só no ano passado morreram às mãos daqueles “com quem um dia pensaram ser felizes” 37 mulheres: baleadas, esfaqueadas, espancadas, asfixiadas, afogadas e até queimadas. Outras 36 foram alvo de tentativas de homicídio.
 
“Nós, no nosso trabalho, não temos a perceção que o fenómeno esteja a aumentar porque ele vai oscilando de ano para ano. Haverá, talvez, uma maior consciência de que o problema existe”, disse ao Diário de Notícias Elisabete Brasil, coordenadora do Observatório de Mulheres Assassinadas.
 
A responsável acrescentou ainda que “precisamos de trabalhar a prevenção da não violência e trabalhar a igualdade de género desde tenra idade”.