Romance: Tentação da Serpente


Um olhar feminino sobre o Antigo Testamento.
Uma história de mulheres, para mulheres, de que os homens também gostam.

"Tentação da Serpente" é uma reedição de "O Romance da Bíblia", publicado em 2010.

06 maio 2014

Ninguém tenta salvar 220 meninas raptadas?

por LEONÍDIO PAULO FERREIRA 
Foram levadas da escola há três semanas. Em desespero, alguns pais, armados com arco e flechas, entraram pela floresta em busca dos raptores. Das que conseguiram fugir, ouvem-se relatos de venda como escravas sexuais e de trabalhos forçados. Serão 220 as adolescentes ainda desaparecidas desde que uma milícia islamita atacou a sua escola no Norte da Nigéria.

Esta é uma daquelas tragédias que ameaçam passar despercebidas. Mas mesmo que a Nigéria seja longe e o seu norte empobrecido um lugar remoto, ninguém pode ficar indiferente ao sequestro de duas centenas de meninas. Até porque os suspeitos têm nome e um historial de raptos, assassínios e bombas.

O Boko Haram, que numa tradução livre da língua haúça significa "a educação ocidental é pecado", é um grupo islamita ativo desde 2002 e que só nos primeiros meses deste ano terá matado 1500 pessoas. Mostra uma visão obscurantista do islão e um extremismo que faz os talibãs darem ar de moderados. Parece não temer ninguém, apesar de o fundador ter sido morto pelo exército.

Há quem acuse o Presidente Goodluck Jonathan de impotência. Oriundo do Sul cristão, a sua prioridade, como a dos antecessores, é manter os equilíbrios na ex-colónia britânica, independente desde 1960. Mas se a Guerra do Biafra de triste fama foi um conflito étnico, o que se está a passar no Norte da Nigéria ameaça a coexistência entre muçulmanos e cristãos na mais populosa nação africana. Tolerá-lo expõe as fraquezas de um país que até acaba de celebrar a ascensão a primeira economia do continente e que esta semana vai acolher em Abuja, a capital, um fórum económico mundial.

A boa-nova é que a sociedade nigeriana mostra uma admirável vitalidade. Multiplicam-se os protestos junto ao Parlamento a exigir ações para libertar as meninas raptadas a 14 de abril na escola de Chibok. E vários sites exibem um contador dos dias, horas, minutos e segundos passados após o ataque do Boko Haram. Uma forma de pressionar as autoridades a fazer mais do que lamentar-se de que devem ter sido levadas para os Camarões.

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